Introdução de William Henry ao filme, na ante-estreia, foi feito na língua portuguesa. The introduction of William Henry in the "sneak preview" was done in Portuguese.
Boa noite e bem-vindos à estreia na Madeira do filme Jóia Perdida do Atlantico. Sou William Henry, o director executivo da Save the Waves Coalition e o produtor do filme realizado por Jacob Holcomb. Vou dizer algumas palavras antes de começar – palavras em Português, que é uma língua que não falo bem. Peço desculpa se não pronunciar correctamente algumas palavras. Se o fizer, sintam-se à vontade para me corrigir.
A filosofia da minha organização e o objectivo deste filme não é “erguer muros” mas antes deitá-los abaixo. Muros a dividir a indústria e os ambientalistas, muros entre os políticos e os cidadãos, e muros entre os surfistas e uma boa parte do mundo, um mundo que não entende os fundamentos do nosso desporto.
O meu compromisso com o surf e o ambiente é anterior ao meu conhecimento sobre negócios e economia. O meu pai e o meu avô são ambos homens de negócios extremamente bem sucedidos. O meu pai tem sido importador e distribuidor de vinho Madeira nos Estados Unidos há mais de duas décadas. Os negócios estão no meu sangue e, depois de acabar a minha licenciatura em Stanford University, passaram também a fazer parte da minha mente.
No entanto, foi o surf que me trouxe à Madeira, no Inverno de 1995, depois de ver fotografias das ondas da Madeira numa revista de surf. Nunca na minha vida tinha visto imagens de um lugar tão bonito. O charme e o magnetismo deste lugar envolveu-me instantaneamente e depois da minha primeira visita cá, estava agarrado como um alcoólico viciado no vinho Madeira. Regressei a casa com histórias deste espantoso lugar que pareciam tiradas de contos de fadas – os penhascos altos coloridos, os jardins, os picos enevoeirados, os calhaus de basalto e o mar enraivecido.
Muitos anos depois, vi-me a regressar por uma razão diferente – ajudar os surfistas e as pessoas da Madeira a encontrar uma voz política, e a lutar por aquilo em que acreditavam – contra um projecto de desenvolvimento que muitos temiam iria danificar ou destruir as ondas do Jardim do Mar.
Contudo, durante este “jogo de futebol”, este jogo de palavras que tem durado alguns anos, eu nunca tirei os olhos da “bola”. O facto é que, não só foram ignorados os direitos dos surfistas durante o frenesim da construção, mas também o futuro económico da ilha ficou severamente comprometido a curto prazo.
O sector do turismo no mercado internacional está a mudar e as preferências dos viajantes mais jovens irá brevemente alterar a natureza de todo o negócio na área do turismo – na verdade, já está a mudar. Em vez de enormes hotéis e campos de golfe, o novo turismo procura experiências mais naturais e aventureiras, tal como eu encontrei aqui nas minhas primeiras viagens. Não há dúvida que o tipo de desenvolvimento que se está a implementar nesta ilha irá prejudicar a competitividade da Madeira nos próximos anos. O legado deixado por estes massivos muros de cimento não será esquecido até que sejam removidos pelo homem ou pela força do mar.
O trabalho do Professor Michael Porter de Harvard ensinou-nos que o crescimento económico e a preservação da natureza não se excluem mutuamente, não são incompatíveis. Os lugares no mundo que continuam a crescer economicamente e que fazem da preservação do meio ambiente uma prioridade serão os lugares que irão prosperar no futuro.
Ao longo dos últimos anos, tentei com toda a minha força ficar de fora das batalhas políticas e evitar apontar o dedo aos responsáveis pelas obras. Afinal não faz sentido abrir velhas feridas. O que preciso agora é permanecer com os nossos olhos virados para o futuro e quebrar as barreiras que nos separam. Os estragos já foram feitos, mas não são irreversíveis e por isso ainda restam algumas esperanças.
Obrigado por virem esta noite. Obrigado por virem cá com mentes e corações abertos e, sem mais demora, vamos ver o Lost Jewel of the Atlantic. Estarei disponível para responder a quaisquer questões logo depois do filme.
ENGLISH VERSION:
Good night and welcome to the "sneak preview" of Lost Jewel of the Atlantic. I am William Henry and I am the executive director of Save the Waves Coalition and the producer of the film directed by Jacob Holcomb.
I am going to say some words in Portuguese, which is a language I do not speak well. I apolagize if I mispronounce certain words, and if I do, feel free to correct me.
The philosophy of my organization, and the purpose of this film, is not to build up walls but to tear them down. Walls between industry and environmentalists, walls between politicians and their citizens, and walls between surfers and much of the world, a world that does not understand the fundamentals of our sport.
My commitment to surfing and the environment is pre-dated by my knowledge of business and economics. My father and grandfather are both extremely successful businessmen. My father has been an importer and distributor of Madeira’s wine in the United States for well over two decades. Business is in my blood, and after earning a degree at Stanford University, it was also in my head.
Yet it was surfing that eventually led me to Madeira, in the winter of 1995, after seeing photographs of the waves of Madeira in a surf magazine. Never in my life had I seen pictures of such a beautiful place. The allure and magnetism of this place drew me in instantly, and after my first trip here, I was hooked like an alcoholic on Madeira wine. I returned home with stories of this amazing place that seemed as though it was fiction from a fairy tale – the high cliffs of color, the gardens, the misty mountaintops, the lava boulders and the raging sea.
Many years later I found myself returning with a different purpose – to help the surfers and the people of Madeira find a political voice, and stand up for what they believed in - against a development project that many feared would damage or destroy the waves in Jardim do Mar. Unfortunately, we were not entirely successful. The issue became highly politicized, which was never our intention, and a compromise was never reached.
Yet through this whole football match, this kicking back and forth of words that has gone on for many years now, I have never taken my eye off of the ball. The fact remains that, not only were the rights of surfers ignored in the frenzied pace of construction, the economic future of the island was severely compromised for short-term gain.
The tourism sector of the world’s market is changing, and the preferences of younger travelers will soon change the nature of the entire tourism business – in fact they already are. Instead of huge hotels and golf courses, the new tourism is looking for a more natural and adventurous experience, much like I had found on my first few trips here. There is no doubt that the type of development that has been occurring on this island will harm Madeira’s competitiveness in years to come. The legacy left by these massive concrete walls will not be forgotten until they are removed, either by man or by the power of the sea.
The work of Harvard business professor Michael Porter has taught us that business growth and the preservation of the environment are not mutually exclusive. The places in the world that continue to grow economically, yet make environmental stewardship a high priority, will be the places that succeed in tomorrow’s world.
Throughout the past few years I have tried with all of my might to stay out of political battles, and to refrain from pointing fingers at those responsible for these works. After all, there is no sense at picking at old wounds. What is necessary now is to remain with our eyes fixed on the future, and to break down the walls that separate us. The damage has been done, but the damage is not irreversible, and in this fact there lies some hope.
So thank you for coming tonight. Thank you for coming here with open minds and open hearts, and without further delay, let us now watch Lost Jewel of the Atlantic. I will be available to answer questions immediately following the film.
CineMax, Funchal, 14.09.2006
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