«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, setembro 17, 2006

46. «O surfista do betão»

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O Ponto de Ordem de hoje, no Diário, "O surfista do betão", é um tiro no alvo: expõe as contradições perante as evidências. Com a devida vénia ao seu autor, atrevo-me não apenas a citar, mas a reproduzir o texto na totalidade:

«Que o senhor secretário regional do Equipamento Social já tinha sido um revolucionário aguerrido, no pós-25 de Abril, um chefe de gabinete omnipresente e presidente de uma Assembleia Municipal, já sabia. Que é surfista é uma novidade. Tão surpreendente como daquela vez em que fiquei a saber que Marques Mendes fazia bodyboard. Sim senhor, é um secretário radical. Pelo menos percebe de ondas porque garante que no Jardim do Mar está tudo bem e só não aparecem mais surfistas porque os suspeitos do costume os afugentaram com mentiras. E até mandou fazer um filme para competir com a "Save the Waves". Só não se sabe se vai criar a associação "Salvem o betão" e andar pelo Mundo a denunciar os impedimentos à construção de muralhas.

Mais a sério, porque não acredito que o senhor secretário, tal como eu, se consiga equilibrar em cima de uma prancha, este é mais um contributo para colocar a Madeira no anedotário internacional. Todo o processo é um somatório de teimosias e atitudes arrogantes do poder regional que tinha muito a ganhar em ouvir opiniões de especialistas. Os tais que só alguém muito ignorante pode acreditar que são uns "pés rapados" sem vintém. Infelizmente é sempre assim, só muito tarde se dá razão a quem já a tinha de início e nunca há coragem para pedir desculpas.

O povo do Jardim do Mar também não sai nada bem nesta fotografia. Ninguém vai esquecer (ou perdoar) os comportamentos vergonhosos, com insultos e muito mais, contra quem lá foi defender a maior riqueza da freguesia. Agora queixam-se que já não há dólares dos surfistas, os tais que já foram "drogados". Trocaram o bom relacionamento que tinham com os surfistas estrangeiros, por um "desenvolvimento" que lhes foi vendido em forma de um muro de betão. Valeu a pena? O tal desenvolvimento já chegou?»
Jorge Freitas Sousa
(Diário de Notícias da Madeira, 17.09.2006)

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