Na edição 1269 - 27 Setembro de 2006 - da Acção Socialista (ver respectivo pdf no arquivo), publicação do Partido Socialista, vem uma entrevista com a ministra da Educação. Na página 10 diz aquilo que aqui se reproduz neste post, nas imagens. Fica tudo tão à mostra que é escandaloso.
É uma nudez mórbida: então quer a senhora ministra que os professores cumpram «bem as suas tarefas» e «adorem o trabalho que fazem», «estejam de corpo e alma» e «dêem o seu melhor» mesmo que lhes destrua as condições salariais e laborais?
Pode sair o tiro pela culatra porque os professores portugueses não vão assistir impávidos não só à ruína das condições salariais e laborais, mas ainda às difamações da ministra e ataques à sua dignidade e profissionalidade docentes.
É caso para dizer, quanto menos condições de trabalho e de remuneração mais amor pelo trabalho. Isto é ridículo. Mas ao menos confessa que o objectivo é destruir as condições socio-económicas e laborais dos professores. E transformar os docentes numa espécie de missionários ou sacerdotes, cuja recompensa do seu trabalho chegará com a eternidade, num outro mundo. Por isso o secretário de estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, disse no dia 4 de Outubro, na RTP 2, que «é ilusão dizer que os professores se motivam pela progressão na carreira.» Isto só pode ser desespero e desnorte, para além da demagogia.
É como dizer: "vocês são todos uns incompetentes, mas se eu vos pagar menos, tiverem precárias condições laborais, baixo estatuto social e fraca auto-estima já serão competentes para as tarefas que nos levarão ao sucesso escolar e educação de excelência"... Boa estratégia de motivação e produtividade... Os professores são desrespeitados e tratados assim na Finlândia que o senhor Primeiro Ministro e senhora ministra da Educação gostam de citar?
Resumindo, a ministra disse à "Acção Socialista" que iria cortar forte e feio nos salários e na carreira dos professores mas que, apesar disso, eles iriam dedicar-se à profissão e «dar o seu melhor» como se nada passasse. Estilo "quanto mais me bates mais gosto de ti". Professor será, por acaso, sinónimo de masoquista?
«A vida tem contradições assim.» Pois é.
Se razões não existissem de sobra, esta seria mais uma razão para ir para a greve nos dias 17 e 18 de Outubro.
Fotografia e textos em imagem: Acção Socialista (c) copyright, 2006
Sem comentários:
Enviar um comentário