Querer convencer que, inclusive na Madeira, não há selecção social e discriminação na escola pública é atirar areia para os olhos. Não existe apenas do ponto de vista da convenção social e do politicamente correcto. O facto de ser um «processo relativamente oculto» não o torna fictício ou inexistente.
Não é novidade que existe selecção e discriminação social nas escolas públicas. Mas, é sempre bom estudos provarem essa realidade. Umas passagens da notícia "Estudos denunciam selecção de alunos nas escolas públicas", no Público (7.11.2006), que falam por si e provam quanto longe está a escola inclusiva, de maior igualdade/equidade de oportunidades, de acesso e sucesso para todos (quem está interessado nisso?):
«"O sistema discrimina os alunos por escolas, por turmas e por vias de ensino, o que aumenta os processos de desigualdade e guetização social", defende Pedro Abrantes, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).»
«No estabelecimento de ensino em que os pais dos alunos eram sobretudo "profissionais e dirigentes" o número de estudantes que aos 15 anos tinha chumbado mais de uma vez ficava-se pelos sete por cento. Na escola constituída maioritariamente por filhos de "operários e empregados" a percentagem disparava para os 49 por cento. Na primeira, 82 por cento dos alunos nunca tinham ficado retidos; na segunda acontecia com 33 por cento.»
«O investigador afirma que a situação decorre muitas vezes de "interesses de professores, que querem os melhores alunos e poucos problemas, e da própria pressão dos pais, que querem o melhor para os filhos". E são os encarregados de EDUCAÇÃO das classes médias, altas, "com melhor conhecimento do funcionamento das escolas, que têm essa capacidade para pressionar".»
«João Sebastião considera a situação "democraticamente inaceitável e até inconstitucional" e lembra que a criação de turmas socialmente seleccionadas "tem consequências importantes para a aprendizagem". "Este é um processo relativamente oculto, que acontece quando a escola está fechada e em que nenhum autor se assume como protagonista", conclui.»
Além da selecção social/económica das turmas ainda há a questão dos professores conhecerem ou não os encarregados de educação e da posição social destes. Um professor possivelmente tenderá a dedicar-se mais a um aluno se sober que as expectativas dos pais desse aluno são grandes. Nesta questão poderá intervir também a honestidade do docente.
ResponderEliminarÉmuito fixe
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