Se os partidos da oposição foram desafiados a estar presentes nas inaugurações pelo presidente da CNE (o PND tem marcado presença frequente), talvez sem plena consciência de se potenciarem conflitos - numa terra de débil tolerância, convivência e capacidade de encaixe democráticos, em que expressar-se discordando é sinónimo de ataque pessoal, político e anti-Madeira -, a quem pedir agora responsabilidades pelas cenas de agressividade verbal e física de ontem? Mesmo que o Bexiga seja provocatório, isso não justifica que se passe das palavras à chapada ou se incite à violência.
A CNE fecha os olhos à ilicitude ético-democrática e à campanha político-partidária inerente às inaugurações, não vamos ser ingénuos e brincar com as palavras. Apenas parece haver olhos para a ilicitude legal. Não percebo uma coisa: se uma campanha eleitoral é intrinsecamente política, só ficam olhos para a relevância jurídica e chuta-se para canto a relevância política? Veremos se as agressões verbais e físicas consubstanciam algum ilítico jurídico... Ou atira-se para o campo do político, para entrar tudo numa certa normalidade ou legitimidade democrática? É esse o padrão do combate político? Vale tudo?
Recortes da imprensa:
«[A exibição] das bandeiras e dos símbolos pode dar a ideia que há elementos desses partidos nas inaugurações. Só não percebo é porque é que não poderá haver também bandeiras de um outro partido qualquer, porque todos os outros têm direito de estarem presentes», disse João Carlos Caldeira, presidente da CNE, como se pode ler na notícia do Diário de 31.03.2007, sob o título CNE apoia bandeiras na inaugurações.
«As inaugurações, se forem normais de obra feita pelo governo, não têm relevância, podem ter do ponto de vista político, mas do ponto de vista jurídico não há ilícito». «O problema é a posteriori, ao nível das declarações que são feitas nessas alturas». João Carlos Caldeira citado no Diário online 30.03.2007.
«Aconteceu a meio da tarde em Santo António, no Funchal, com alguns populares que assistiam à cerimónia a reagiram asperamente à presença da pequena delegação do PND (sete pessoas). Uma das pessoas terá mesmo agredido o actor Márcio Amaro, que cumpria o papel de «Manuel Bexiga», obrigando as forças policiais a intervir.» «Bexiga diz que foi agredido e, depois de insultar o líder do PND, Jardim teve de ser protegido pelos seguranças» (Portugal Diário 01.05.2007).
Num ataque os candidatos do PND presentes na cerimónia, Jardim mencionou os que «foram enxovalhados por alguns que têm fortunas à custa» dos trabalhadores, como os plantadores de cana-de-açúcar que «a entregavam no engenho do Hinton» (propriedade da família Welsh) e dos «colonos de Baltazar que precisaram ir a tribunal para remir as terras que trabalhavam». (Jornal Digital 02.05.2007)
Com efeito, o cabeça de lista da Nova Democracia ficou «bastante incomodado» e até chamou «mentiroso» a Jardim [em frente ao palco onde discursava João Jardim]. (Portugal Diário 01.05.2007)
O AJJ falou dos colonos do Baltazar quando atrás de sí tinha um filho de um senhorio (Miguel Mendonça). Aliás, o paizinho (Alfredo Mendonça) tem a honra de ter o seu nome na praça em frente à igreja de Santana (1992?).
ResponderEliminarA propósito de senhorios e colonos será que alguém se lembrou de relacionar esta questão com a historieta da criada do AJJ que viu hoje uma estrada chegar a casa. Pela idade da srª em 1973 ela até seria menor. O hipócrita defensor dos colonos nessa altura devia tratar a criada pior de que um colono. Aliás, actualmente algumas famílias de bem ainda tem criadas a quem dao comida, dormida, roupa e uns trocos de tal forma que elas não livres nem psicológicamente estão em condições de o ser!
Esse presidente da CNE devia ser demitido pelo simples facto de desconhecer a lei eleitoral respeitante às legislativas madeirenses. O que ele afirmou vai contra o artigo 57 dessa lei.
ResponderEliminar