Na reacção à manifestação histórica dos professores, ontem em Lisboa, o primeiro-ministro José Sócrates diz que a alternativa à política do governo é ficar tudo como está.
Ora, não é assim. Não é uma questão de 8 ou 88, de tudo ou nada. É uma atitude de "ou é assim como eu quero ou então não é nada." Não há meio termo, nem ponderação sobre alguns aspectos das medidas.
A alternativa a algumas medidas e políticas na área da Educação começa em deixar de culpabilizar, condenar e demonizar os professores perante a opinião pública.
Como disse Ana Benavente, ex-secretária de Estado da Educação e Inovação de um governo PS, «um páis que condena na opinião pública os seus professores está a prestar um mau serviço.»
Se o governo está convencido que as medidas são todas certas, que têm a razão toda do seu lado, então não é preciso destratar os professores para legitimar essas políticas junto da opinião pública.
A alternativa é optar por um modelo de avaliação mais simples, mais exequível, mais justo, mais formativo do que punitivo.
A alternativa é outra atitude governativa, sem arrogância, sem o "quero, posso e mando", que apregoa o diálogo mas que mostra inflexibilidade e recusa a mínima cedência.
A alternativa é não confundir determinação e razão com obstinação, teimosia, arrogância e insensibilidade política.
A alternativa é a sociedade e o governo estarem dispostos a fazer a aposta orçamental necessária para ter melhor Educação. Este sector é só prioridade nos discursos ou em momentos muito curtos para se terem resultados.
O governo e José Sócrates, por mais que tentem passar o contrário, não podem ser insensíveis ao protesto dos docentes e aos sinais que vêm da sociedade, em especial do terreno educativo, porque querem uma nova maioria absoluta em 2009. Terão de aplacar os protestos.
Por isso, Marcelo Rebelo de Sousa pensa que por detrás da capa de instrasigência do primeiro-ministro, que «finge que não recua», a ministra da Educação irá fazer cedências, sem comprometer os objectivos gerais.
Porque até se os professores decidem não fazer a avaliação dos colegas, alegando um sem número de condições não reunidas para a pôr em prática, tudo ficará parado. Não podem ser generalizados processos disciplinares. Por isso, mais vale avançar o essencial da reforma do que ficar atolada.
Aguardemos pelos próximos desenvolvimentos.
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