«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, agosto 28, 2008

Mariza cantou depois de uma pimbalhada

Já que as autarquias e o Governo Regional subsidiam festas com o dinheiro dos contribuintes, numa estratégia não só para aliená-los da dita crise e dificuldades financeiras da Região, mas também para promover os actores políticos, ao menos apresente-se música portuguesa de qualidade.

Foi o que aconteceu, ontem em São Vicente, com o concerto da Mariza, de elevado nível, como se esperaria desta artista de fado internacional. Irrepreensível.

Mas, nem tudo foram rosas. Já que a Mariza não asseguraria qualquer resquício de cultura pimba que domina esta ilha, os organizadores das festas de São Vicente não poderiam deixar a qualidade desacompanhada.

Arranjaram uma pimbalhada (desajustada, fora de contexto) chamada compadre Jodé, que ainda por cima fez atrasar o início do concerto em cerca de trinta minutos. Imagine-se o título de uma notícia: compadre Jodé abriu espectáculo para Mariza.

Para nem falar nuns apresentadores que gostam muito de se ouvir e de apoiar-se em frases (bengalas) comuns.

Deu para notar que o contador pimba de anedotas não se atreveu a fazer humor crítico que envolvesse o Governo Regional ou alguma das suas figuras cimeiras ou secundárias. Bem pelo contrário, ajudou a vender algumas ideias como a de que o Sócrates não manda dinheiro para a Madeira.

Também não fez humor pimba com o preço dos combustíveis na Madeira, a liberalização aérea, a dívida indirecta da Região, os atentados ambientais ou os impostos que caem em cima do lombo dos madeirenses.

Nada disso. Limitou-se a achincalhar o presidente da Câmara de Santana, deve ter costas largas para isso, e o Governo da República, na figura de José Sócrates. Gozar da alegada homossexualidade de algumas figuras foi o prato forte, numa clara falta de gosto e nível.

Tanto assim que, com o pretexto da preparação do palco e afinação dos instrumentos, o concerto demorou a começar, com certeza para criar distância entre a Mariza e a pimbalhada que a precedeu. Não sei como a artista de renome mundial aceitou tal coisa.

4 comentários:

  1. Não fui ver o concerto, porque não tive oportunidade.

    Não considero que o Compadre Jodé seja pimba, já que há imensa gente que gosta!

    Acho que devia ser mais tolerante e perceber que a cultura portuguesa é "pimba" (como define), basta ver a televisão portuguesa à tarde e ver aqueles maravilhosos programas.

    Considero que se trata de um ataque injusto ao sr. Marcelino! O seu blogue é o berdades da boca p'ra fora!

    Devia ser mais tolerante e não ser tão elitista!

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  2. Viva.

    Obrigado pelo comentário.

    O facto de muita gente gostar não é critério para aferir que não é pimba. Pelo contrário.

    Concordo que o consumo de cultura pimba é muito elevado em Portugal. Basta ver programas como o Top Mais para perceber a realidade do país.

    Na Madeira, que também é Portugal, tem-se acentuado essa tendência pimba nas últimas duas décadas. É também ilustrativo da nossa realidade.

    Intolerante é quem mete tanta pimbalhada pelas goelas do povo abaixo. Quem obriga a comer sempre o mesmo prato de milho.

    Fala em ataque? Ninguém está a atacar ninguém. Falei apenas sobre o personagem pimba (fictício, espero eu) chamado compadre Jodé. Ter opinião diferente não significa personalizar questões e atacar pessoas.

    Pois, sei que na Madeira a discordância é assumida como ataque pessoal, uma estratégia para tentar anular a opinião diferente. De concentrar-se no acessório e esquecer a substância. É uma visão pimba da liberdade e da democracia...

    Saudações.

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  3. Como referiu... o povo gosta... então há que dar o que o povo gosta...

    Tem toda a razão, quanto ao atacar!

    Os melhores cumprimentos

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  4. Mariza não merecia uma abertura tão aberrante como a brejeirice do Compadre Jodé. A apresentação, mal educada do solícito bragado, seria mais apropriado para o sarau do de um tal Fernando Mendes no próxmo sábado , no mesmo palco.

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