Caro Nélio, Peço desculpa por estar sempre a violar o seu espaço, mas mesmo querendo discutir consigo um ou outro ponto a verdade é que o Olho de Fogo ainda tem sido a minha mais completa referência em termos de análise da realidade madeirense. Queira acreditar que tenho falado muito no Olho de Fogo e o recomendo, mesmo nas análises em que não concordo inteiramente com as posições manifestas no blog. Como já deve ter notado eu tenho uma posição pró liberal em termos de comércio e desenvolvimento. Não parto é do pressuposto que as minhas posições não acarretem consequências por vezes imprevisíveis, pelo que procuro ter alguma prudência. Com efeito, ainda assim, tenho visto com bons olhos algumas mudanças recentes, como é o caso da liberalização da linha aérea. Tudo o que signifique o fim de um monopólio, parece-me acertado, ainda que a época não esteja a favor do mercado entregue a si mesmo, como sabemos com o que se tem passado actualmente no mundo. Mas também é verdade que a liberalização já condicionou a que a TAP monopolista baixasse os preços, ainda que isso não resolva inteiramente todos os problemas, nomeadamente para quem, como muitos, não pode comprar viagens com antecedência. De um modo ou outro, eu ainda sinto a asfixia insular devido a limitações de viagens e preços, o que me parece extremamente negativo nos dias que correm. A Madeira ao viver de costas para o mundo arrisca-se a asfixiar de vez, pelo que viajar para o continente deveria ser, no mínimo, quase tão corrente como ir do Porto a Lisboa de comboio. Mas escrevo-lhe para comentar rapidamente sobre as recentes notícias da EasyHotel. Não sei o que pensa dessa questão. Creio que rapidamente se manifestará sobre o assunto. Da minha parte achei que a reacção dos agentes turísticos radicados na ilha e do governo regional é do mais puro conservadorismo e de assegurar os bens da clique. Ora bem, como deve saber, o argumento é que a qualidade do turismo na Madeira não se coaduna com hotéis low coast. Á partida este argumento até pode fazer algum sentido, mas parece-me construído sobre premissas muitos discutíveis, nomeadamente: 1) Um hotel low coast não é sinónimo de menor qualidade no serviço, mas de menos serviço, o que é diferente. Provavelmente não temos quem nos leve a mala ao quarto, mas o quarto estará tão ou mais limpo que os hotéis de 5 estrelas. Provavelmente não temos restaurante, mas tal não implica falta de qualidade, para além de poder trazer à ilha turistas que de outro modo não virão já que existem dezenas de destinos de qualidade com este tipo de hotéis e essas pessoas fazem o que eu faço: optam pelos melhores locais, aos melhores preços. 2) De um modo geral, tenho uma boa impressão dos hotéis na Madeira, mas é preciso deixar bem claro que existe muita falta de reconhecimento de mão de obra de qualidade nesses hotéis e, mais anormal ainda, existem muitos hotéis na Madeira com atribuição de 4 e 5 estrelas cuja qualidade está muito abaixo daquilo que seria de esperar. Isto acontece por quê? Provavelmente porque a ASAE na Madeira voa muito, mas muito baixo e quando aterra nos hotéis aterra directamente no restaurante que é limpo nesse dia para receber as fiscalizações. Que conhecimento possuo para fazer estas afirmações? Nenhum. O que possuo é uma grande suspeita motivada por dois exemplos experienciados muito de perto. Conclusão: é evidente que tenho uma grande suspeita que o comércio turístico insular não deseja, obviamente, concorrência. E outra coisa não seria de esperar dos agentes ligados ao turismo. E do governo regional? Haverá razões para tanta resistência logo à partida com um discurso desvalorizador dos hotéis low coast? Não sei. abraço e mais uma vez, obrigado
Os comentários são bem-vindos e não violam o espaço deste blogue.
É claro também que o ponto de vista é sempre uma vista a partir de um ponto. Sei que muitas posições (vistas) não são consensuais. O interesse também reside aí.
Sem dúvida, A verdade é que não concordo com muitos dos argumentos usados pelo Nélio mas tem uma qualidade rara que lhe aprecio e por essa razão também mantenho alguma interactividade: sabe discutir e isso devia ser mais comum nas pessoas. bom trabalho
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Caro Nélio,
ResponderEliminarPeço desculpa por estar sempre a violar o seu espaço, mas mesmo querendo discutir consigo um ou outro ponto a verdade é que o Olho de Fogo ainda tem sido a minha mais completa referência em termos de análise da realidade madeirense. Queira acreditar que tenho falado muito no Olho de Fogo e o recomendo, mesmo nas análises em que não concordo inteiramente com as posições manifestas no blog. Como já deve ter notado eu tenho uma posição pró liberal em termos de comércio e desenvolvimento. Não parto é do pressuposto que as minhas posições não acarretem consequências por vezes imprevisíveis, pelo que procuro ter alguma prudência. Com efeito, ainda assim, tenho visto com bons olhos algumas mudanças recentes, como é o caso da liberalização da linha aérea. Tudo o que signifique o fim de um monopólio, parece-me acertado, ainda que a época não esteja a favor do mercado entregue a si mesmo, como sabemos com o que se tem passado actualmente no mundo. Mas também é verdade que a liberalização já condicionou a que a TAP monopolista baixasse os preços, ainda que isso não resolva inteiramente todos os problemas, nomeadamente para quem, como muitos, não pode comprar viagens com antecedência. De um modo ou outro, eu ainda sinto a asfixia insular devido a limitações de viagens e preços, o que me parece extremamente negativo nos dias que correm. A Madeira ao viver de costas para o mundo arrisca-se a asfixiar de vez, pelo que viajar para o continente deveria ser, no mínimo, quase tão corrente como ir do Porto a Lisboa de comboio. Mas escrevo-lhe para comentar rapidamente sobre as recentes notícias da EasyHotel. Não sei o que pensa dessa questão. Creio que rapidamente se manifestará sobre o assunto. Da minha parte achei que a reacção dos agentes turísticos radicados na ilha e do governo regional é do mais puro conservadorismo e de assegurar os bens da clique. Ora bem, como deve saber, o argumento é que a qualidade do turismo na Madeira não se coaduna com hotéis low coast. Á partida este argumento até pode fazer algum sentido, mas parece-me construído sobre premissas muitos discutíveis, nomeadamente:
1) Um hotel low coast não é sinónimo de menor qualidade no serviço, mas de menos serviço, o que é diferente. Provavelmente não temos quem nos leve a mala ao quarto, mas o quarto estará tão ou mais limpo que os hotéis de 5 estrelas. Provavelmente não temos restaurante, mas tal não implica falta de qualidade, para além de poder trazer à ilha turistas que de outro modo não virão já que existem dezenas de destinos de qualidade com este tipo de hotéis e essas pessoas fazem o que eu faço: optam pelos melhores locais, aos melhores preços.
2) De um modo geral, tenho uma boa impressão dos hotéis na Madeira, mas é preciso deixar bem claro que existe muita falta de reconhecimento de mão de obra de qualidade nesses hotéis e, mais anormal ainda, existem muitos hotéis na Madeira com atribuição de 4 e 5 estrelas cuja qualidade está muito abaixo daquilo que seria de esperar. Isto acontece por quê? Provavelmente porque a ASAE na Madeira voa muito, mas muito baixo e quando aterra nos hotéis aterra directamente no restaurante que é limpo nesse dia para receber as fiscalizações. Que conhecimento possuo para fazer estas afirmações? Nenhum. O que possuo é uma grande suspeita motivada por dois exemplos experienciados muito de perto.
Conclusão: é evidente que tenho uma grande suspeita que o comércio turístico insular não deseja, obviamente, concorrência. E outra coisa não seria de esperar dos agentes ligados ao turismo. E do governo regional? Haverá razões para tanta resistência logo à partida com um discurso desvalorizador dos hotéis low coast? Não sei.
abraço e mais uma vez, obrigado
Os comentários são bem-vindos e não violam o espaço deste blogue.
ResponderEliminarÉ claro também que o ponto de vista é sempre uma vista a partir de um ponto. Sei que muitas posições (vistas) não são consensuais. O interesse também reside aí.
Saudações.
Sem dúvida,
ResponderEliminarA verdade é que não concordo com muitos dos argumentos usados pelo Nélio mas tem uma qualidade rara que lhe aprecio e por essa razão também mantenho alguma interactividade: sabe discutir e isso devia ser mais comum nas pessoas.
bom trabalho