José Matias Alves, no Terrear, defende uma «consensualização em torno de um modelo que perdeu alguns dos seus aspectos mais controversos e iníquos», não sem antes nos dar conta dos problemas que ainda se mantêm no modelo de avaliação do desempenho dos professores:
«Os problemas essenciais do modelo ainda “em vigor” são:
i) a excessiva compartimentação e atomização funcional;
ii) o detalhe analítico e os descritores de desempenho que podem chegar a mais de uma centena, numa evidente ilusão de rigor e objectividade;
iii) a uniformidade e rigidez das prescrições (independentemente dos contextos e destinatários) – reconheço que muitos consideram isto sinal de justiça;
iv) flagrantes injustiças cujo exemplo maior é um professor não poder ter a menção de excelente se em dois anos tiver faltado apenas 45 minutos por motivos de força maior;
v) modelo excessivamente “pesado”, importado e desfasado das culturas profissionais prevalecentes.
Para além destes problemas há questões a montante e que têm a ver com
i) o modo (injusto) da “fabricação” dos professores titulares;
ii) o provável não reconhecimento de competências de avaliação num número indeterminado de situações;
iii) a criação administrativa de cotas (ainda que se tenha de perceber as circunstâncias que as geraram, umas de natureza economicista e outras de natureza das práticas do “melhor para todos”.);
iv) a impossibilidade de um professor que queira apenas ser professor (excepcional) poder chegar ao topo da carreira.»
Discordando de quem pensa, a esmagadora maioria, de que a luta deve continuar, Matias Alves refere que a «hipótese de que o jogo de soma nula (a minha vitória tem de se fazer com a derrota total do outro) pode ser contraproducente. A hipótese de que legitimidade social da luta se pode começar a perder não pode ser descartada. O isolamento social dos professores é o maior risco que vejo neste momento.»
Mais, considera que «pode fazer sentido descentrar a discussão e voltar, por exemplo, às questões do ECD e das condições de trabalho para se poder ensinar e aprender melhor. E aos modos de governação e de regulação (hiperburocráticos, ofensivos e desautorizantes).»
Não sei se alguém pode suspender uma luta em grande velocidade e na crista da onda. Foram energias acumuladas durante os últimos três anos que agora explodiram.
Texto completo: Dos objectivos de uma luta
Posição de Joaquim Azevedo: Por um outro modelo de governação da Educação
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