«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, dezembro 28, 2008

Quem (se) governa? 2

António Borges foi vice-presidente da Goldman Sachs International e é actualmente um managing director daquele banco de investimento.
photo copyright

Já tínhamos aqui referido que, segundo noticiado, é política do Goldman Sachs pôr os seus homens que rapidamente enriqueceram a passar a outra actividade ao fim de alguns anos: a infiltrar-se na governação para influenciar e prosseguir a liberalização financeira e a defesa de interesses privados. O antigo patrão do Goldman Sachs, "Hank" Paulson, agora é Secretário do Tesouro dos EUA, na Casa Branca, o mesmo que elaborou o plano de muitas centenas de milhões para salvar (beneficiar) a banca... incluindo o próprio Goldman Sachs...

«In May 2006, Henry Paulson left the firm to serve as U.S. Treasury Secretary, and Lloyd Blankfein was promoted to Chairman and Chief Executive Officer. Former Goldman employees head the New York Stock Exchange, the World Bank, the U.S. Treasury Department, the White House staff, and firms such as Citigroup and Merrill Lynch.» (LER MAIS)

«Paulson's three immediate predecessors as CEO of Goldman SachsJon Corzine, Stephen Friedman, and Robert Rubin — each left the company to serve in government: Corzine as a U.S. Senator (later Governor of New Jersey), Friedman as chairman of the National Economic Council (later chairman of the President's Foreign Intelligence Advisory Board) under President George W. Bush, and Rubin as both chairman of the NEC and later Treasury Secretary under President Bill Clinton.» (LER MAIS)

Ora, isso não acontece só na América. António Borges é o exemplo português, ele que foi vice-presidente do banco de investimento Goldman Sachs International desde 2000, depois de entre 1990 e 1993 ter sido vice-governador do Banco de Portugal, onde teve um papel importante na liberalização do sistema financeiro português. (LER MAIS). Agora é um Managing Director (final da quarta coluna) do banco americano.

Numa moção ao congresso do PSD, em 2005, o mesmo António Borges que falou «com tanta convicção do combate às negociatas, da afirmação de uma ética de integridade na condução dos negócios [e] na disponibilidade para colocar a competência ao serviço do bem comum» era peça importante do banco que, só em 2004, levou do Estado português 1,7 milhões de euros, por serviços de assessoria nos negócios da Galp Energia e na definição do modelo energético nacional, segundo este artigo de opinião.

«O Goldman Sachs tem também um contrato de consultoria com a EDP, mas desse, para já, não se conhecem os montantes», afirma-se nesse mesmo artigo já linkado. «A instituição que ele [António Borges] lidera[va] empurrou o Estado português para uma solução (?) impossível, que a Comissão Europeia vetou por, justamente, ser contra o mercado. Atendendo ao que o Estado português lhe pagou para isso, o mínimo que se pode dizer é que foi dinheiro malgasto.»

Nos próximos tempos daremos aqui conta de mais alguns pormenores sobre o sistema monetário, na origem da actual grave crise internacional, cuja realidade mais profunda passa despercebida à esmagadora maioria das pessoas, entretidas com os afazeres do dia-a-dia.

2 comentários:

  1. Excelente post. Já linkei este blog no ProfAvaliação.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado pelo linkamento.

    António Borges é ainda consultor de organismos como a OCDE, cujas estatísticas suportam os intentos de corte na despesa com os serviços públicos... entre eles a Educação.

    ResponderEliminar