Cerca de 600 milhões de vários bancos salvam o especulador madeirense, outrora todo-poderoso, da penúria e de ser crucificado pelo mercado.
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Há quem diga que Joe Berardo está tecnicamente falido mas o protagonista relativiza ao afirmar que «ter dívida não significa que esteja falido», disse numa entrevista ao Público (23.1.2009). «Se estivesse não me renovavam os créditos. Estou com menos valor do que tinha? Claro que estou a perder dinheiro.»
Ao ponto de ter suspendido a «entrada do meu processo contra os administradores [do BCP] e que deveria ter avançado no final do ano»: «o meu advogado diz que os custos vão ser para os outros. Mas seja o dinheiro meu ou dos outros, e se eu posso poupar dinheiro, então vou analisar o que fazer.»
O mesmo jornal de 27.1.2009 refere que acervo de obras de arte de Berardo estava em Dezembro de 2006 avaliado, pela leiloeira Christie's, em 316 milhões de euros, segundo a wikipedia, mas deve cerca de 600 milhões de euros a alguns dos bancos credores como a CGD, BES, BCP ou o Santander Totta. As dívidas estão sustentadas, entre outras coisas, em «acções cotadas» e em «cerca de 75 por cento da Colecção Berardo.»
O que vemos é bancos e especuladores serem salvos, quando os simples cidadãos e as famílias andam à rasca, com os spreads dos empréstimos a aumentar e coisas mais, ainda por cima com o Estado a injectar dinheiro no sistema, e quem deveria ser vítima da especulação e das contingências do mercado, que estiveram na origem de toda esta crise, não cai na míséria.
Estes senhores que defendiam como solução para tudo máximas do estilo «mais Mercado, menos Estado» afirmam que «agora é o Governo que vai emprestar dinheiro às empresas... Isto nunca me passou pela cabeça.» Pois não, pensavam que a falsa riqueza em que vivia o Ocidente, por via da especulação, iria durar sempre.
Depois de ganharem muito dinheiro, dizem que o mercado de capitais não vai melhorar e que é altura do capitalismo dar lugar a uma «nova ordem mundial». Deve ser uma nova ordem que lhes volte a encher os bolsos sem criar riqueza real ou empregos, que o Estado tem depois de segurar em momentos de crise. Berardo diz mesmo que os governantes terão de regressar às nacionalizações para salvar empregos.
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