«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, março 04, 2009

Teste das Avalon NP2

Gostei tanto dos graves que cheguei a pensar (sacrilégio) em mudar os altifalantes das NP2 dos médios e agudos, para se adaptarem mais ao rock, que só o desconhecimento técnico tornaria algo imaginável.

Na minha caminhada no fio da navalha, em busca, não do Santo Graal audiófilo, mas da zona de compromisso entre o audio de gama média e o chamado high end, os meus amigos da MusiRitual, no Funchal (musiritual@gmail.com), tiveram a gentileza de fazer uma visita com as Avalon NP2 debaixo do braço.

Sempre com o rock em mente, género musical que mais ouço (e cada vez mais - coisas da idade). Incluindo as formas mais intensas e alternativas (underground) do género.

O meu espaço melómano (pronto, também audiófilo) não parecia fácil de acomodar os graves de uma coluna de chão, pensava eu. Mas não. As Avalon NP2, com um grave denso, recortado, robusto e controlado, não mexeu nem um milímetro com a acústica da sala. Não fez rimbombar a sala, quero dizer. O room boom nas baixas frequências é uma maleita difícil de corrigir.

O Ricardo, com conhecimento de anos e anos nestas coisas, meteu ainda uns cabos de coluna da americana Kimber, entre as Avalon e o meu power da Myryad, e voilá, o grave (frequência que mais gosto - sou doente por esta gama de frequência) ganhou ainda mais profundidade e pujança. E o meu subwoofer da Rell lá atrás do sweet spot de braços cruzados. Dispensável.

As NP2 não teriam saído de casa com estes graves (o coração sangrou), se não fossem "demasiado" boas (audiófilas). Contrasenso? É simples. A gama média-alta, sobretudo, é tão naturalmente aberta, clara, detalhada, transparente, informativa e frontal (o sonho do audiófilo), que o rock torna demasiado duro. Pelo menos para os meus ouvidos.

É claro que eu pus a tocar o disco que uso como prova dos nove: Animositisomina dos americanos Ministry. Rock Industrial pesado. Por sinal da mesma nacionalidade das Avalon. Não terá sempre a música razão?

A coluna não tem nenhum defeito. Apenas está num patamar de qualidade de reprodução de som superior à qualidade de gravação de muito rock e da sua natureza sónica intrínseca (guitarras, distorção, muralhas de som).

As Avalon (o high end em geral) e o Rock são como duas pessoas maravilhosas, mas que não combinam para casar. O flirt expões as incompatibilidades.

Para outros géneros musicais, claro está, as NP2 são uma referência a ter em conta para uma audição. No auditório na MusiRitual (291762469: Caminho do Amparo, Bloco 2, Loja 2, Funchal – ao lado da Pizzaria Papa Manuel I) ou experimentando em casa, na sua própria aparelhagem e espaço acústico.

E não foi só como o Rock que os agudos-médios das colunas se incompatibilizaram. Tem a ver ainda com a minha maneira de ouvir música, com a gama média mais recuada, mais baça, menos informativa.

Gostei tanto dos graves que cheguei a pensar (sacrilégio) em mudar os altifalantes das NP2 dos médios e agudos, para se adaptarem mais ao rock, que só o desconhecimento técnico tornaria algo imaginável. Porque o que conduz e determina o som que brota dos altifalantes, pelo que eu li, é , sobretudo, o crossover. Que é único na coluna. A não ser que o amplificador alimentasse um crossover para os graves e outro para os altifalantes de médios e agudos... Mesmo que possível, a coluna perderia a sua identidade, sentido do conjunto e harmonia.

O caminho é descer na qualidade. Para ouvir rock. Menos detalhe, menos recorte, menos muita coisa, mas talvez mais musicalidade e motivação para o melómano. A aparelhagem, não esqueçamos, é sempre um instrumento, um meio, e não o fim. Há audiófilos para os quais é um fim, pelo prazer que lhes dá aperfeiçoar o som e evoluir. Um hobby legítimo como outro qualquer.

Esteticamente, as Avalon, disponíveis apenas em cor clara, não têm um look rock. O preto tem outro impacto para os fãs do género maldito. Mas, por aqueles graves, capaz de fazer descer ao calor dos confins dos infernos, até estaria disposto a pintá-las de preto...

A aventura continua. Seguem-se as inglesas Monitor Audio Silver RS6. Apesar das NP2 até terem um preço em conta para a sua qualidade superior, aquelas Monitor Audio custam apenas 40%, a preços de tabela. Em termos de atributos e prestação técnica, uma coisa não tem a ver com a outra. Mas, só quando o material toca na aparelhagem, no nosso espaço, é que sabemos se resulta.

Se nos faz gostar mais da nossa música e se a música de que gostamos nos emociona mais, significa que a aparelhagem cumpre o seu papel. Quando nos faz ouvir menos música ou obter menos prazer nas audições, é preciso repensar o caminho e até dar um passo atrás, se necessário. Sempre em nome da MÚSICA.

«Making the critical link between scientific measurements and listening impressions» é o cerne da questão, como escreve a Kimber. Nadamos num pântano de subjectividade...

Está agora nas mãos de Deus...
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Photo taken with a Nokia cellphone 3.2 megapixel camera : no editing : no flash : © neliodesousa 2009

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