Afinal, o discurso da ministra de responsabilização dos estudantes não será genuíno. A equipa ministerial acaba por ser complacente, como certa esquerda e certa direita, ao justificar o menor estudo e trabalho dos alunos transferindo a responsabilidade para a comunicação social, a Sociedade Portuguesa de Matmática, os partidos políticos e pessoas com responsabilidades políticas... Esqueceram-se de dizer que a culpa é dos professores...
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“Menos investimento, menos trabalho e menos estudo” do lado dos alunos, comentou a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, a propósito dos resultados no exame de Matemática A, realizado por 38.303 estudantes», como noticiou o Público.
Se esta responsabilização dos estudantes pelos resultados escolares, no parte que lhes toca e depende do seu trabalho e estudo, é realista, logo a seguir a ministra e um secretário de Estado vêm responsabilizar a comunicação social, a Sociedade Portuguesa de Matemática, partidos políticos e pessoas com responsabilidades políticas pelo desincentivo do empenho e estudo dos estudantes. Isto é, desresponsabilizam os estudantes.
Esqueceram-se de responsabilizar, como é habitual, dizer que a culpa, afinal, pela falta de estudo dos alunos, é dos professores... o bode expiatório preferido.
Maria de Lurdes Rodrigues, a propósito dos resultados no exame de Matemática, no mesmo momento em que responsabilizava os estudantes, também responsabiliza a comunicação social pela baixa nesse exame, ao afirmar que se devia à difusão, pela comunicação social, “da ideia de que os exames eram fáceis”, desmotivando os estudantes para o estudo.
Como se não bastassse, em conferência de imprensa, o secretário de Estado Valter Lemos alargou o leque de responsáveis, juntando a Sociedade Portuguesa de Matemática e “partidos e pessoas com responsabilidades políticas”. “É um desincentivo ao estudo e ao trabalho”, sublinhou.
Pena que as palavras, embora contraditórias como acabámos de ver, de responsabilização dos estudantes aconteça só no final do mandato da ministra da Educação e não seja coerente ainda com as medidas do facilitismo e laxismo estudantil tomadas pelo Ministério da Educação, nomeadamente por via do Estatuto do Aluno e ou de iniciativas que dispensam a frequência das aulas em favor de uma prova.
A propósito:
«Esforço e estudo», receita a ministra
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