«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, novembro 01, 2009

Morreu o radialista António Sérgio

Considerado o John Peel português, pelo seu trabalho de divulgação da música nova e alternativa, António Sérgio - radialista, divulgador de música, símbolo para as gerações do pós-25 Abril - morreu aos 59 anos.
photo copyright: Miguel Madeira/Público

Além dos diversos testemunhos recolhidos, o Público destaca hoje os programas que marcaram a carreira de António Sérgio, que não só fizeram o seu percurso e formaram a sua identidade enquanto radialista, mas que marcaram várias gerações de ouvintes e melómanos:

Rotação (entre 1977-1980): Foi o seu primeiro programa de autor, ainda na Rádio Renascença. Foi através deste programa que ajudou a lançar nomes cimeiros da música portuguesa, incluindo os Xutos&Pontapés.

Rolls Rock: o primeiro programa que fez na Rádio Comercial, que na altura ainda dava pelo nome de RDP – Canal 4. O conceito por detrás do programa - nas palavras de João David Nunes - era ser “uma coisa especial, edições muito específicas e muito boas”.

Som da Frente (1982 -1993): Como o próprio nome indica, tinha como missão estar na linha da frente das novidades; trazer até aos ouvintes portugueses o que de novo se fazia em Portugal e no Mundo e estar na vanguarda das novas sonoridades.

Lança-Chamas: programa dedicado à chamada música pesada e ao heavy metal.

Loiras, Ruivas ou Morenas: programa realizado pela mulher de António Sérgio, Ana Cristina Ferrão, em que António Sérgio passava apenas música interpretada por mulheres. De Ellis Regina a Janis Joplin.

Grande Delta: Entre 1993 e 1997, durante o interregno que o levou à XFM.

Hora do Lobo (1997-2007): O programa esteve no ar dez anos, entre a Comercial e a Best Rock FM, e dedicava-se a dar a conhecer as franjas menos conhecidas do pop-rock. Foi cancelado porque tinha deixado (segundo a direcção assumida pelo grupo Prisa) de se enquadrar na grelha. O fim do programa originou reacções e protestos. “Serviu como uma espécie de resumo de carreira. Porque o António Sérgio sempre foi um lobo solitário, mas de olhar penetrante”, define João David Nunes.

Viriato 25: O seu mais recente programa, na Radar FM, em cujos estúdios ainda ontem tinha estado a gravar.

Reprise (02.11.2009):

Filipe Pestana, em artigo de opinião no Diário de hoje, salienta que António Sérgio é um «homem que ensinou toda uma geração a querer muito mais do que a banalidade musical que viria a tomar conta de muitas rádios em Portugal. E foi este homem, em entrevista ao Blitz em 2007, que fez algumas das mais interessantes reflexões dos últimos anos sobre o futuro da rádio: "Nós não temos cara, temos vozes, e isso ajuda a incendiar o imaginário dos ouvintes. E esta rádio de hoje, coitada, não incendeia absolutamente nada. Põe o ouvinte a um canto e diz-lhe: 'Ouve isto, que não te maça, não te assusta, não te provoca, não te faz comprar discos'. Outra verdade: a rádio de hoje não te faz comprar discos - as rádios de autor conseguiam fazer as pessoas ter paixão por comprar música". Silenciou-se a voz do 'lobo'. Para sempre, fica o seu 'som da frente'. Para ouvir e reflectir.»

No jornal I:
A playlist de António Sérgio

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