Avaliação de professores divide bancada PS e Governo, noticiou ontem o Diário de Notícias de Lisboa. As questões dos professores estão no centro do debate político.
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«A intransigência do Governo em manter em vigor o actual regime de avaliação dos professores até que seja negociado um novo criou mal estar na direcção da bancada do PS», desenvolve a notícia no Diário de Notícias. «Francisco Assis não entende a estratégia governamental e deixou-o claro. Dizendo que se "exige" ao Executivo que diga "o que quer fazer" porque "nada será possível sem o mínimo consenso"».
A entrevista à TSF do ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, no dia 2, «antagonizou as posições», lê-se ainda na mesma peça do Diário de Notícias. Na verdade, afirmou que "Faria muito pouco sentido que se viesse a suspender sem mais um determinado processo que já produziu efeitos e que já permitiu a avaliação de muitos professores". Não só o Governo se mostra indisponível para suspender o modelo de avaliação, como também, no caso de os partidos da oposição se unirem para suspender o actual modelo, Jorge Lacão considera que se abre uma “querela jurídico-constitucional”.
O senhor dá sinais de arrogância e de um "quero, posso e mando", que não augura o fim da tensão que se criou no sistema educativo ao longo do mandato do anterior Executivo socialista. O "ou queres ou morres", na sua própria expressão, serviu para acusar a oposição parlamentar, mas também encaixa a Jorge Lacão e ao Governo ao recusaram, unilateralmente, a hipótese da suspensão da avaliação e o «mínimo de consenso» defendido pelo líder parlamentar do PS.
Os temas relativos aos professores provocará ainda maior desgaste ao governo se este insistir na intransigência e pensar que pode pôr e dispor de forma absoluta, sem negociar e lançando curtinas de fumo na forma de conflitualidade e instransigência.
Os partidos da oposição perceberam as consequências eleitorais do tema da avaliação dos professores para o partido socialista e insistem, naturalmente, em meter o dedo na ferida aberta que o Governo não quer fechar. Sofrerá com isso.
Após mais de quatro anos de arrogância, prepotência e desconsideração dos professores, em particular pelo Ministério da Educação, os docentes esperam uma nova atitude por parte dos novos governantes.
A estratégia que desvalorização e esmagamento, na praça pública, dos profissionais da Educação, celebrada em expressões como o «quebrar a espinha», foi manifestamente errada e contraproducente. O que ganhou o sector da Educação com isso?
A estratégia de conflitualidade, que o anterior governo escolheu para lidar com os professores, continua a trazer consequências incómodas para o novo governo, depois do anterior ter sido penalizado nas últimas eleições europeias e legislativas.
Os docentes, reunidos em movimentos e sindicatos, souberam mobilizar-se e colocar na agenda algumas questões que estão a dominar ou a ensombrar os primeiros dias de governação, com todos os partidos da oposição a cavalgar temas como a divisão artificial da carreira em duas categorias ou a avaliação do desempenho «burocrática e complexa», como reconheceu o próprio José Sócrates após a derrota nas eleições europeias.
«A teimosia que este Governo tem em manter o conflito com os professores tira-lhe até a lucidez naquela que deveria ser uma atitude diferente em relação ao passado para permitir resolver problemas graves», defendeu Mário Nogueira, da Federação Nacional dos Professores.
E de nada serve o Primeiro-Minsitro ficar exaltado quando se abordam as questões relativas aos docentes. O que tem José Sócrates contra os professores portugueses?
Os professores estão cá para a luta que for necessária.
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