Ondas Velhas continuam a testar Obras Novas.
A obra (Madeira Nova) tem mérito e um lado muito positivo (sofisticação e conforto). É uma evidência material. Mas há efeitos colaterais, que uns valorizam e outros desvalorizam.
Certo é que certa obra ameaça, por um lado, o exotismo da Madeira Bela, a tal que é Velha mas natural e exuberante (sustenta o Turismo) e, por outro lado, essa mesma obra ameaça ruir aos poucos, com o passar dos tempos: tanto o cronológico como o atmosférico. São pensamentos suscitados pelas ideias partilhadas connosco, no Diário de hoje, por Hélder Spínola.
No «contexto de um arquipélago favorecido pela natureza, o crescimento das últimas três décadas, muito à conta dos dinheiros da Europa, deu à Madeira tanto de novo e moderno como de decrépito e decadente», refere o citado ambientalista. «Estas duas faces da mesma moeda, a moeda do desenvolvimento (o tal insustentável), marcam hoje parte do nosso território e ameaçam nos próximos tempos, com a crise económica e a falta de recursos, tornar mais visível esse lado obscuro da ocupação desenfreada do nosso litoral, ribeiras e encostas.»
No mesmo artigo de opinião intitulado "A Bela, a Nova e a Decrépita" conclui o articulista que a «Madeira decrépita começa a alastrar-se em cima da Madeira Nova.» E exemplifica: «São marinas desmanchadas pelo mar, hotéis emperrados a meia construção, estradas em cima de ribeiras mas que "volta e meia" ficam por baixo delas, passeios marítimos fustigados pelo mar e pelas pedras que caem das encostas, teleféricos que enferrujam, estradas ex-libris fechadas, praias de areia amarela devoradas, complexos balneares destroçados e enrocamentos de protecção desmoronados. Um autêntico gigante com pés de barro.»
Que lucidez!
ResponderEliminarQue saudades da Madeira velha, possuída e ultrajada pela nova, por culpa de interesses mundanos.
Um continental que adora(va) a Madeira