O nosso modelo económico actual está basicamente assente em 3 sectores de actividade: a construção civil, o CINM e o turismo. A construção civil sustentada nas obras públicas irá sentir os efeitos da realidade de orçamentos altamente restritivos - UE, Estado e Região. A isto, junta-se o facto de todas as obras necessárias e as supostamente necessárias - até aquelas que já só visavam alimentar o próprio sector - estarem concluídas, o que até é uma boa notícia se tivermos presente os impactos negativos de muitas das referidas obras na competitividade do nosso destino turístico por via da perda de exotismo, do património edificado e do desrespeito pela paisagem.
Quanto ao CINM tem sido na realidade um instrumento de valor acrescentado para a nossa economia - independentemente do seu maior ou menor contributo para o nosso PIB - mas é e será sempre uma realidade de cariz efémero dependente de decisões políticas exógenas à nossa vontade.
Fica-nos o Turismo, esse sim, um sector em que o nosso sucesso depende acima de tudo da nossa inteligência, SENSIBILIDADE e vontade de vencer.
Fomos presenteados com uma ilha que reúne naturalmente todas as qualidades de um excepcional produto turístico, desde as nossas paisagens, à nossa orografia, ao nosso mar, ao nosso clima, à nossa localização e, até ao facto de sermos uma ilha, factor diferenciador e de atractividade.
É neste quadro que defendo para a Madeira um modelo económico assente num Cluster do Turismo, gerador de dinâmicas competitivas transversais aos sectores tradicionais do vinho Madeira, bordados e vimes, à economia do mar, à cultura, aos negócios ligados ao ambiente e ecologia, até à agricultura - critica para a defesa da nossa paisagem - entre outros. Mas sejamos realistas, o sucesso de um destino competitivo só se constrói com uma atitude fundamentalista no desenvolvimento criterioso do nosso macro produto, num quadro em que nenhuma obra seja aprovada sem que primeiro seja avaliado o seu impacto positivo ou negativo para o turismo.
Temos outra alternativa? O modelo da construção civil no papel de locomotiva relegando o turismo para mera carruagem não só é uma perversão económica, como é arrasador para o único sector exportador da região: o turismo.
A única saída para a Madeira passa por um modelo económico em que o turismo assuma um papel estratégico, condicionando tudo o resto numa lógica virtuosa e nunca o turismo condicionado por alternativas não sustentáveis. O turismo não pode continuar com o estatuto de temático no PDES. Tem de ser promovido a estratégico!»
João Welsh, Delegado Regional da APAVT
24.11.2010
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