Quem se incomodou com o buzinão e o direito à indignação vem falar da necessidade de sobressalto cívico; quem apoiou o buzinão e o direito à indignação agora mostra-se ofendido com o sobressalto cívico...
«É necessário um sobressalto cívico que faça despertar os portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos», afirmou ontem o Presidente da República no discurso da tomada de posse para um segundo mandato em Belém.
Ora, tal como Cavaco Silva não pode esquecer como reagiu ao direito à indignação do então chefe de Estado Mário Soares, numa determinada fase da governação do PSD, o PS também não o pode esquecer. Não se pode armar, agora que está no Governo, em virgem ofendida, não pode reclamar um presidente árbitro e moderador, não pode mostrar intolerância e criticar com contundência o «sobressalto cívico» quando acolheram o apelo à «indignação» cívica há anos atrás, em meados dos anos 90.
Ou pensará o actual Governo (em agonia) que não há tantas ou mais razões, neste momento, do que em meados do ano 90, para o direito à indignação ou ao sobressalto cívico? O Governo actual actua como se tudo estivesse na maior das normalidades... É perito em iludir a realidade da gravidade da situação em que o País se encontra. Venha o sobressalto cívico.
Sem comentários:
Enviar um comentário