«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

terça-feira, janeiro 03, 2012

Conhecimento, sim senhor, para o pequeno almoço, almoço e jantar


Nem só de espetada e betão vive o homem madeirense...

Numa campanha regional, penso que em 2004, de cima do palco, num comício, Alberto João Jardim perguntava algo como "a senhora come conhecimento para o jantar?", para desvalorizar a aposta no conhecimento e na qualificação dos recursos humanos defendida por um partido da oposição, o Partido Socialista, como trave mestra do programa eleitoral e de um novo ciclo de desenvolvimento para o arquipélago.

Terá respondido à senhora que ele cá gostava de batatas e carne na panela... Foi depois reconhecido que tinha sido uma tirada infeliz e que também tinha direito a se enganar, mas a questão é que saiu na altura e é um indicador do inebriamento pelo avassalador progresso material (obreiro) na Região. Mesmo no calor de um comício, nem tudo vale para atacar e destruir as propostas da oposição, por mais que se discorde delas.

Em artigo de opinião no Diário, o jornalista Jorge Freitas Sousa recupera a tirada não só para questionar a "comesticabilidade" da Constituição, depois do PSD Madeira anunciar o seu propósito de incetar essa revolução por via da revisão da Constituição da República, mas também para salientar o período de necessidade por que passam os madeirenses com a pergunta "a senhora come?"

Como já se disse em outro post neste blogue, enquanto se entretêm os revolucionários, em bicos de pés, com épicas revoluções, nas suas estratégias de poder, a maioria silenciosa e plebeia, sem alaridos, sem protagonismos e sem dramatismos, levará a cabo a sua Revolução diária, nas pequenas acções da vida, nos pequenos espaços em que se movimentam, com a serenidade e a solidariedade que os tempos exigem.

Parece que terão de ser as pessoas comuns a procurar as soluções e as alternativas, já que as elites parecem estar esgotadas... Só têm força para épicas e lucrativas revoluções (ainda que não tenham o povo a acompanhá-las) que encham o olho, troem no ouvido e causem espanto como um grande espectáculo pirotécnico.

1 comentário:

  1. Também foi esse sr. que pediu, também de cima de um palco, que o povo tratasse da oposição que da dívida tratava ele! E o povo tratou da oposição dando consecutivos tiros nos pés ao longo de mais de 30 anos! Quanto a dívida sá se sabe como é que ele a tratou...

    amsf

    ResponderEliminar