Requiem Laus, uma banda veterana madeirense de death-doom metal, lançou recentemente o novo EP, Impulse, que sucede ao álbum As Long As Darkness Bleeds (2011), que constituiu um grande salto por ser um disco muito evoluído, consistente e coeso.
Como no álbum que antecedeu, há boas dinâmicas, variações e transições em temas bem arquitectados que, mesmo rondando os seis minutos, agarram o ouvinte.
Em As Long As Darkness Bleeds, contudo, com o elemento death metal mais presente, o contraste entre as partes mais pesadas/rápidas e as passagens mais melódicas e ambiências é mais óbvio e vincado. No novo EP o contraste e as variações serão mais subtis: vivem muito da vocalização gutural/melodia e intensidade/ambiência. O ritmo marcial/metralhado da bateria em alguns momentos da faixa título é um exemplo de um bom detalhe de intensidade, dinâmica e transição.
Mais do que no disco antecedente, a vocalização poderia estar gravada de forma a acompanhar mais as nuances da música, talvez com algumas passagens mais rápidas/berradas e outras mais pausadas, melódicas, arrastadas e esparsas. Quem sabe com passagens guturais (death/black) e passagens menos guturais (ou até limpas). A inclusão de voz feminina seria outra forma de explorar e acentuar contrastes, transições e variações. Há imensas possibilidades.
Os Paradise Lost foram pioneiros na exploração de novos caminhos para o doom metal. Quem não se lembra do tema Gothic (1991) com vocalização gutural e feminina? E depois a evolução a partir de Shades of God (1992) passando por Icon (1993) que culminam naquele clássico chamado Draconian Times (1995). Sem esquecer o mais recente Tragic Idol (2012).
Ora, não é fácil captar aquelas nuances acima referidas, nomeadamente na vocalização. É preciso estar num estúdio profissional, ter um produtor e uma editora. Quem sabe um dia... Veja-se o exemplo dos gregos Septicflesh, que gravaram com uma orquestra com 150 elementos... death metal sinfónico e cinemático: em A Great Mass of Death há vocalização gutural, não gutural e feminina.
Impulse foi gravado pela banda com os meios de gravação próprios disponíveis, na Madeira, com excepção da bateria, que foi gravada por Jörg Uken (baterista de Nightfall desde 2009) nos Soundlodge Studios, na Alemanha. Ao baterista de serviço coube misturar e masterizar o disco.
E o som está mais aberto e polido (no álbum anterior o som é mais cru), com uma boa presença do baixo e da bateria. Os bumbos da bateria poderiam ter um kick mais forte, bem como notar-se melhor o contraste entre instrumentos ou o recorte dos graves, mas é preciso as tais condições de gravação...
Contudo, ao ouvir os dois primeiros discos de Paradise Lost, final dos anos 80 e início de 90, mesmo remasterizados, sente-se menos o poder da bateria do que neste Impulse de Requiem Laus. Houve uma grande evolução na tecnologia de gravação nos últimos vinte anos, que a tornou também mais acessível.
Impulse é mais um passo e conquista no trajeto de Requiem Laus, um resultado fruto de um grande investimento pessoal e financeiro. No final, vale a pena a persistência. No caminho, fica o gozo em criar música num espaço insular.
Os Requiem Laus formaram-se em 1992 e têm dois álbuns editados até à data - The Eternal Plague (2008) e As Long As Darkness Bleeds (2011) - além de várias demos. As letras são assinadas pela jovem escritora Maria João Rodrigues.
A venda dos discos é feita diretamente pela banda (embora encontre na Amazon o álbum anterior):
www.facebook.com/requiemlaus
requiemlaus@hotmail.com
requiemlaus@hotmail.com
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