«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, dezembro 08, 2013

Pharmakon: angélica aterradora


O Centro das Artes, na Calheta, conheceu ontem à noite, no contexto do MadeiraDig, uma das actuações mais "desafiantes" (aterradoras, negras e absolutamente intensas) pela mão de Margaret Chardiet, uma rapariga nova-iorquina bonita e angélica, de 22 anos. O projecto tem o nome de Pharmakon.

(Diga-se que é super surreal assistir a algo tão extremo e underground na Calheta... ainda por cima expressamente vindo da cena underground e actual de Nova Iorque. Ainda bem que houve acesso a tal experiência musical e não só.)

Admiradora de Diamanda Galás, chega vestida de preto num palco todo negro e uma luz vermelha a iluminar a mesa da maquinaria. Estava criado o ambiente para a fusão apocalíptica de industrial, noise e power electronics (ela define: "The music that I make is about connection and making people feel something"; e acrescenta: "It’s the most sensitive part of my mind and my heart").

A actuação durou apenas cerca de 25 minutos... (assisti, dentro da sala, com proteção auricular, a apenas metade - o resto ouvi do lado de fora... com mais alguns e algumas). Não é música para ouvir passivamente nem ficar indiferente.

Como alguém escreveu, no contexto do recente Amplifest 2013 (Portugal), a sua "orquestração de uma amálgama infernal de sintetizadores abrasivos, horrendas vocalizações e ondas de ruído negro, tem a habilidade de rastejar para os confins da mente humana por via dos drones ritmados e profundos que lhe servem de percussão."

O álbum "Abandon" (2013) é o seu primeiro registo, com distribuição a uma larga escala, com 5 temas e apenas 27 minutos. Ela resume assim: "The album’s about fiercely holding on to what's true and unapologetically abandoning what's not."

Não se deve ouvir (apenas) no computador e fora de contexto não dá ideia da dimensão e intensidade da música desta menina. É preciso pôr o disco na aparelhagem. Pharmakon é mais do que uma rapariga a fazer ruído... You get it or you don't.

Antes tocara Grouper (Liz Harris), com o seu electro-acoustic ambient/noise (dream pop) muito interessante, em perfeito contraste com o que viria a seguir. Daí a escolha acertada de colocar Grouper e Pharmakon na mesma noite.

2 comentários:

  1. :) Há experiências musicais que têm de ser breves... :) O silêncio é fundamental também na música, entre as notas.

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