Fui ver o filme, depois de ter lido o conto de Annie Prouxl. Está muito fiel à história, mas não é isso que importa.
Ang Lee consegue colocar a complexidade da vida dentro de uma história simples sobre os encontros e desencontros entre as pessoas, as suas alegrias e tristezas. De uma forma muito realista e natural. Evitando aquele efeito reles da normalização. Aprofunda, dá conta das complexidades humanas e da vida, não se fica pelo óbvio, nem pela superfície. Neste aspecto, faz-me lembrar o efeito que tem o filme “Saraband”, o mais recente de Ingmar Bergman. O mais importante é como se contam as histórias, para que elas revelem o substancial da vida e da humanidade das pessoas, com as suas qualidades, defeitos e contradições.
Se “Brokeback Mountain” não aconteceu, poderia ter acontecido.
(Nuns “posts” atrás deixei algumas pistas para o contexto geográfico e social de “Brokeback Mountain”. Ajuda a enquadrar e a reflectir o filme.)
Gostei muito do filme e escrevi um texto sobre ele no meu blogue A Bomba. Nesse post, defendi que, ao contrário do que diz o realizador Ang Lee, o Brokeback Mountain é um filme militantemente gay (e não há mal nenhum nisso, todos os filmes são obras mais ou menos ideológicas). Fartei-me de levar nas orelhas, mas continuo a achar que tenho razão.
ResponderEliminarTudo tem ideologia dentro, mesmo que oculta. A simples escolha de levar uma dada história à tela implica valores, princípios. Varia com as pessoas, o que torna tudo mais interessante. E Ang Lee não escolheu levar à cena "BrokeBack Mountain" por acaso, o que não implica que a motivação maior tenha sido uma ferverosa militância gay. Basta sensibilidade pelas minorias em geral e o facto de ter gostado do conto de Annie Prouxl. Consciente de certas militâncias e lobbies procurei ver o filme no essencial: a complexidade da vida dentro de uma história simples sobre os relacionamentos, os encontros e desencontros entre as pessoas, as suas alegrias e tristezas. Neste caso, os protagonistas do relacionamento central são homens. Tem uma leitura na América conservadora de Bush. Gosto dessa rebeldia, dessa reflexão. Se alguém o aproveita para exacerbar militâncias e lobbies, que se pode fazer? Cada qual tem direito a fazer as leituras que a sua vivência e pensamento ditam...
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