«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, abril 13, 2006

69. O medo, mais uma vez



Em vários “posts” anteriores se falou da questão do medo. Citamos mais um texto de opinião intitulado “cultura do susto”, para motivar a reflexão.

Sublinho que o medo gera medo, embora reconheça e compreenda que quem instiga o medo está numa posição de ataque/força e a vítima do medo está numa posição de defesa/fragilidade. Mas, quem se deixa amedrontar incentiva e exacerba o medo, ao ponto de instalar-se dentro da cabeça.
Que o medo não sirva de álibi para a vitimização e a resignação, este que é um «mal endémico português», como já escreveu o presidente do Governo Regional. Criam-se, por vezes, barreiras imaginárias. Num Estado Democrático e de Direito não há delito de opinião nem constitui risco avançar com ideias diferentes. Mesmo que alguém não goste. Mesmo que alguém até tente provocar medo.
Discordar do outro implica eliminar o outro?

«Perante o aviso, as pessoas assustam-se. E resignam-se a um poder que quase diz com quem nos podemos dar, onde e do que podemos falar. É a cultura do medo, assumida assim, descontraidamente, com ar de quem tem razão em advertir os que pensam diferente. E o mais grave é que o aviso feito anteontem [face a alguns empresários alegadamente hostis, o presidente do Governo admitiu que «gostava que eles apanhassem uns sustos muito semelhantes àqueles que apanharam na altura do 25 de Abril»], não foi o primeiro nem será o último.
Para trás ficaram outras atitudes de igual alcance com indicações impensáveis numa Região quase de partido único, cujo governo, repetidamente, reclama o direito à diferença perante o resto do País. Grave é que atitudes destas sejam vistas com normalidade. Mas não é normal. Além de poderem instigar um perigoso saudosismo pelos sustos do 25 de Abril, ajudam a alimentar uma democracia pouco saudável. Porque pressiona, gera receios e trava as ideias.» (Miguel Silva, DN da Madeira, 8 de Abril, 2006)

8 comentários:

  1. stumbled across your blog on one of my random strolls in blogger-world. as i read your comments on fear, made me think of the movie 'v for vendetta'. if you haven't seen it or read the comic book i think you should pick it up. it's all about the use of fear by a near-future fascist British government. very anti-establishment/anarchy in action.
    cheers,

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  2. Thank you for your comment and your suggestion to check out "V for Vendetta". I have already seen it and you are right. It is a good movie on the matter of fear. If you care to check, I posted some stuff on it in my weblog: March (posts 41, 42, 44) and April (posts 50, 51, 56, 57, 59, 60). "V for Vendetta" is still on the theaters here in Madeira. I have not read the comic book but I will. Let me suggest another recent and good movie on the matter of fear and freedom of expression: "Good Night, and Good Luck".
    Take care.

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  3. Fez-me recordar aquela frase judaica: 'um cobarde é um herói com mulher, filhos e uma hipoteca'. O medo não é nenhum vício ou defeito, é uma característica comum a todos os homens.

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  4. Fez-me recordar aquela frase judaica: 'um cobarde é um herói com mulher, filhos e uma hipoteca'. O medo não é nenhum vício ou defeito, é uma característica comum a todos os homens.

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  5. Plenamente de acordo quanto à naturalidade do medo. Faz parte do instinto de sobrevivência. O que não será comum a todos os homens são determinados medos e graus de medo... Ou ser maneatado na consciência e na cidadania pelo medo - algum dele imaginário, inclusive. Mas, cada qual sabe de si e opta pelo nível ou quantidade de medo com que se sente bem, que assegura a sua sobrevivência, a constituição de uma família e a posse de uma hipoteca... É tudo uma questão de opção nesta vida. Contudo, os que têm menos medo também têm mulher, filhos e hipotecas. Então nos tempos que correm hipotecas não faltam...

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  6. Pois, mas se calhar a maioria das pessoas que vende a consicência ao poder não o faz por medo, apenas por comodismo ou interesse. O caso do nazismo é um bom exemplo histórico. A maioria dos alemães apoiou Hitler não por medo, mas porque o nazismo lhes assegurava um emprego e comida na mesa.

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  7. E na verdade os anos do nazismo foram de os de maior posperidade económica na história recente da Alemanha.

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