«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

terça-feira, abril 25, 2006

83. "Hostel" e o lado obscuro da natureza humana

O ser humano é um animal. Vamos partir desta base. O que vier de bom a partir daí será bem-vindo, é claro. Mas, partamos de uma base realista para não haver surpresas. "Hostel" e a realidade que o inspirou dão conta do que somos capazes do mais atroz, insano e desumano.

Veja-se como numa instituição como a igreja católica, que defende valores altivos como a humanidade, a dignidade, a vida, a irmandade, a paz, entre outros, gerou uma câmara de tortura e morte chamada, note-se a contradição no nome, Santa Inquisição.

"Hostel" dá conta de câmaras de tortura e morte não institucionalizadas, não santificadas - aqui o fim é puramente o prazer de fazer mal ao outro por parte de homens ricos de negócios. Choca o desmembramento de corpos por simples prazer. O Santo Ofício, que agia com outros objectivos, não tinha os brocadores e motoserras dos carrascos psicóticos de "Hostel", mas tinha utensílios deveras arrepiantes. Que digam aqueles que foram ver a exposição destes instrumentos que estiveram expostos no Forte de São Tiago, nos anos 90. Houve quem ficasse chocado e com náuseas. Só de ver...

Indagamo-nos sobre o que acontece às pessoas que desaparecem todos os dias, inclusive no nosso país. Traficadas para recolha de órgãos? Traficadas para exploração sexual? Traficadas para torturar e matar como em "Hostel"?

O argumento do filme poderia ser mais sólido. O efeito de realismo que resulta do facto de "Hostel" inspirar-se em situações reais não dispensa a própria ficção de dar esse efeito de verosimilhança. E misturar comédia com terror arruina, para mim, o realismo.

Momento de alta tensão: quando um dos malfeitores, na câmara de tortura, empunha e liga a motoserra para o que se segue...


Josh: You... Why?

The Dutch Businessman: I always wanted to be a surgeon. But the boards would not pass me. Can you guess why? You see [and shows his shacking hands]? So I went into business. But business is so boring. You buy things you sell them, you make money you spend money. What kind of life is that? A surgeon, he holds the very essence of life in his hands - your life. He touches it.

The Dutch Businessman: He touches it. He has a relationship with it. He is part of it.

Josh: Please just let me go, please...

The Dutch Businessman: You want to go? Is that what you want?

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