Depois de algumas interpretações na blogosfera, o Olho de Fogo gostaria de fazer um ponto de ordem e esclarecer o seguinte: este blogue é tão anti-Jardim como quem pensa de forma diferente dentro do PSD, isto é, não é anti-ninguém: Virgílio Pereira não é anti-Jardim por discordar. Para dar um exemplo de outro partido político, o Olho de Fogo é tão anti-Jardim como Manuel Alegre é anti-PS.
Não são pessoas que estão e causa porque isso faria do Olho de Fogo um blogue monocolor e unidimensional. Há uma preferência pela "multicoloridade" e pela "multidimensionalidade". O que se aborda são estados de coisas, temas, ideias. E disso se procura não desviar. Racional e factual o mais possível e não pessoal ou emocional.
Achar que o Olho de Fogo, por discordar, é anti-alguém ilustra um pensamento, uma mentalidade que assume que a vida pública na Madeira está identificada e personalizada numa pessoa. É como se tudo conduzisse, inevitavelmente, a uma pessoa. Uma discordância, uma crítica, um pensamento, uma opinião, um ponto de vista, um comentário, uma acção, qualquer coisa relativa à Madeira, é como se fosse dirigida a uma pessoa. O que é surreal, por mais exposta que esteja uma pessoa e por mais responsabilidades públicas que tenha. Torna-se num assédio e é desgastante uma sociedade colocar tudo em cima dos ombros de uma única pessoa. É um fardo que poucos aguentam. Está-se aqui e agora a falar de um estado de coisas, cultural, social, mental, abrangente, não desta ou daquela pessoa.
Há um culto personalista, fulanizador, numa sociedade infantilizada, nada autónoma e empreendedora, incapaz de pensar pela sua cabeça, que precisa sempre de uma figura tutelar, um eixo à volta do qual tudo gire, que resolva todos os problemas e necessidades, que decida e fale por si, que coloque o pão na mesa e nos afague antes de dormir. Ora, o Olho de Fogo não é um pai nem é contra qualquer pai que cada um queira ter. Fiquemos assim.
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