O artista português da Madeira, Rigo, radicado nos EUA, apresentou ontem, dia 15 de Julho, o livro "Rigo 23 (Vol. 1)", realizado a partir da exposição Jam Sessions Rigo 84-23/Peões e Passadeiras, a convite do Centro de Artes Casa das Mudas, na Calheta-Madeira, este ano. No lançamento estiveram ainda presentes Manray Hsu (curador), Guilherme Nóbrega (director artístico da Casa das Mudas) e João Henrique Silva, director regional dos Assuntos Culturais. Estiveram ainda presentes, entre os "oficiais" digamos, o vice-presidente da Câmara da Calheta, os deputados Agostinho Gouveia e Martins Júnior.
"Rigo 23 (Vol. 1)" é um catálogo em formato de revista (35 Euros - mas simbolicamente 23 Euros no dia de lançamento), que documenta, sobretudo, a produção de raiz feita por Rigo no Centro das Artes Casa das Mudas, uma exposição antológica da obra do artista. Documenta ainda as realizações de Rigo durante 20 anos.
Guilherme Nóbrega salientou o facto que a exposição irá ser replicada noutros espaços nacionais e internacionais, o que atenua os custos iniciais de investimento de uma produção deste calibre e promove o Centro de Artes Casa das Mudas e a própria Madeira. Começa já em Setembro na Galeria Zé do Bois em Lisboa e, para 2007, está já agendada presença no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, no Brasil.
O curador ou comissário da exposição, Manray Hsu, começou por perguntar "como fazer uma exposição com trabalhos já conhecidos?" Por duas razões: uma, «questionar o conceito» dessas obras de arte e «criar uma nova apresentação», inseri-los num novo contexto; outra, conferir-lhes uma «vida contínua» - tanto o artista como a obra em si mesma continuam a ser acontecimento e a evoluir. "Rigo 23 (Vol. 1)" é uma prova disso. Destas ideias infere-se que o artista e a obra continuam vivos, a criar e a recriar-se, como organismos vivos que são capazes de gerar e despoletar nova vida, novos acontecimentos, novas comunicações, novas pertinências. A obra feita não tem de ser embalsamada. Ela tem uma natureza viva. Não morre depois de acabada. O seu potencial não fica pelo momento (então presente) em que é apresentada e conhecida.
Depois de Rigo (ver post seguinte), o director regional dos Assuntos Culturais, João Henrique Silva, além de referir a grandeza da produção Jam Sessions e a sua consequência na afirmação do Centro das Artes da Calheta, disse que a intervenção de Rigo leva a reflectir sobre o estatuto do artista, seus modos de criação e produção, bem como proporciona a reflexão sobre a legitimação do artista, do crivo do confronto, da crítica e da afirmação noutros espaços e contextos. O artista que deixa de ter de estar confinado a um pequeno espaço, nomeadamente um espaço insular e exíguo como o da Madeira, num mundo globalizado que gera, como disse Manray Hsu, «unlikely encounters» entre as pessoas e artistas ligados à arte contemporânea.
Sem comentários:
Enviar um comentário