No momento em há tanta gente a falar de rijo e a lançar tantas diatribes contra a República e o actual Governo, alegando que quer afogar financeiramente a Madeira, numa cruzada contra o arquipélago, esquece-se que se anda a pôr o lombo a jeito com despesismos como aquele dos conselheiros-técnicos da Secretaria do Turismo, revelados pela auditoria do Tribunal de Contas, cujos salários ultrapassam o montante gasto em promoção do destino Madeira.
Com episódios factuais destes, verdadeiros tiros no pé, a Região acaba por perder capacidade argumentativa e as razões de queixa que possa, eventualmente, ter da actuação do Governo da República nos últimos tempos. Quando se tem telhados de vidro convém sempre um certo pudor em atirar pedras ao vizinho.
Além disso, querer evitar-se gastos supérfluos, mordomias e despesismos não pode ser interpretado, à primeira vista, sem a devida análise e os casos concretos, como um acto hostil contra a Madeira e a Autonomia. São precisos factos, esclarecimentos e fundamentações para avaliar da eventual discriminação resultante de uma determinada decisão face à Madeira.
Se se sabe de coisas em surdina, se há quem procure deliberadamente asfixiar a Madeira, então os cidadãos gostariam que os factos viessem a público preto no branco. Aí a conversa seria outra.
Todavia, é certo que aqueles poucos que têm uma visão desfavorável das autonomias regionais aproveitam bem qualquer oportunidade para as denegrir, para as colocar em causa. E a Autonomia não está aqui em causa. Quanto muito certas gestões e sintomas.
Quando o Cristiano Ronaldo faz um mau jogo ou faz um autogolo, quando Zidane agride um adversário não passa pela cabeça colocar em causa o sistema-desporto chamado futebol. Os adeptos protestam contra o jogador e a equipa (ou então atiram as culpas ao árbitro...) e não contra o futebol, que não tem culpa dos maus praticantes ou más práticas. Como não tem culpa o árbitro, o juiz, da indisciplina, a não ser que tenha sido permissivo durante demasiado tempo.
O acessório não pode ser confundido com o principal, o conjuntural não pode ser confundido com o estrutural. A Autonomia em si não pode ser colocada em causa.
Quem adquire uma doença por maus hábitos alimentares não vai culpar o médico que lhe faz o diagnóstico da doença e prescreve o tratamento para, no mínimo, aliviar os sintomas se já não for possível atacar na raiz, nas causas.
Factos e racionalidade precisam-se.
Viva,
ResponderEliminarConcordo em absoluto. Se há algo que esta "polémica" deve criar são as condições para um cabal esclarecimento da verdade das contas regionais. Quem não deve não teme e cabe ao GR provar que as contas estão equilibradas ou desequilibradas com factos e números. Essa cultura de exposição pública das contas deve ser promovida.
Por outro lado é importante, como muito bem referes, não confundir o que está a acontecer com colocar em causa a autonomia (no sentido do reforço ou da perda). São questões bem distintas...
Abraço,