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O respeito por uma instituição mede-se pelo calçado e pela roupa que se usa. Quem pensou que o respeito pela instituição parlamentar se media, essencialmente, pelas atitudes dos deputados e a qualidade das suas intervenções e realizações, ao serviço da população, estava equivocado. Se um cidadão vai assistir aos trabalhos na Assembleia Legislativa da Madeira ou se um jornalista lá vai trabalhar tem de ir de fato, gravata e sapatos de verniz de sola seca com 0,4 cm de espessura. Há que definir o «minimamente apresentável». Mas, como o traduzir em concreto, em peças de vestuário?
Pois bem, a apresentação da colecção Outono-Inverno na Assembleia Legislativa Regional foi uma forma airosa de ultrapassar a dificuldade, com a vantagem da abertura do parlamento à sociedade civil, desta feita com um assunto-evento mais leve, alegre e fashion. Ao desfilarem os jornalistas com as novas propostas, pela passerelle, os deputados colocavam o polegar para cima, em sinal de aprovação, ou para baixo, em sinal de reprovação. O presidente tinha, contudo, o voto de qualidade. Aprovada a colecção, não há mais que enganar.
Pensava-se que confundir o acessório (formal e circunstancial) com o principal (conteúdo) era um mal endémico madeirense, mas o que não tem importância também tem o direito a ter importância, nem que seja para desviar atenções dos assuntos que são passíveis de trazer à realidade e de aborrecer os cidadãos eleitores.
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