Se é verdade que, na Região, alguns contribuem para ofuscar o lado positivo e essas outras dimensões da realidade insular, é pena também que os fazedores de opinião e não só, entre os quais há quem mantenha preconceitos e suspeitas relativamente às autonomias, aproveitem certos eventos e discursos para tomar a parte pelo todo e difundir/ampliar uma imagem grostesca e caricatural da Madeira a nível nacional. Os líderes regionais, a Madeira e os madeirenses são todos metidos no mesmo saco, mimetizando-se uma abordagem muito comum por cá na ilha, em que governo, madeira e madeirenses são tomados por uma única coisa. Um discurso de um político madeirense não é o discurso dos madeirenses, nem o ataque ao governo madeirense é um ataque aos madeirenses. Convém distinguir.
No Chão da Lagoa estiveram 30 mil dos 250 mil madeirenses e nem toda a gente vota num único partido.
É claro que não há aqui nada de novo. Apenas a aflitiva situação financeira da Madeira. A crise começa a ser visível também nesta parcela do território nacional, depois de repelida à custa do muito investimento público e endividamento nos últimos anos. E como resolver? Exigindo ao país o que a União Europeia deixou de dar e aquilo que a economia regional é incapaz de dar/produzir, além do turismo?
A este propósito, leia-se, por exemplo, o artigo de Ricardo Vieira hoje no Diário de Notícias. Diz, entre outras coisas, que «perante o dilema em que nos encontramos e independentemente de assistir razão de queixa em relação ao poder político central, a única atitude que nos resta é essa coragem, de olhar para dentro e demonstrar que os madeirenses são capazes de gerir com eficiência os seus próprios recursos. Essa introspecção significa também dimensionar a nossa economia, encontrar áreas de excelência e concertadamente abrir perspectivas novas à capacidade de criar e empreender.»
Para terminar, por mais exageros e erros que se apontem ao actual líder regional, concorde-se ou não com o modelo de desenvolvimento seguido, com o estilo, com o clima socio-político gerado, com algumas perversões democráticas produto de sucessivas maiorias absolutas, entre outros aspectos, não se pode passar por cima do mérito de ter colocado a Madeira no mapa nacional, face ao centralismo adverso de há 30 anos e ao subdesenvolvimento e desprezo a que estava votada esta ilha.
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