«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, agosto 02, 2006

3. Defender e promover o Surf não é só organizar competições

E que tal se a Associação de Desportos da Madeira se pronunciasse sobre a destruição dos «bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas», que são precisos para se poderem realizar as competições de surf e bodyboard?

A Associação de Desportos da Madeira (ADM) é a entidade que tutela o Surf e o Bodyboard na Madeira. Apresentou hoje o Circuito Regional destas modalidades, distribuído por 5 etapas, organizado pela referida associação e alguns clubes espalhados pela ilha: Clube Naval de São Vicente (1ª Fajã da Areia: 5 e 6/8/2006 e 4ª São Vicente: 16 e 17/12/2006), Ludens de Machico (2ª Porto da Cruz: 16 a 24/9/2006), Centro de Treino Mar (3ª Jardim/Paul do Mar: 21 a 29/10/2006) e Camadeira - Clube Aventura da Madeira (5ª com local ainda por designar). Muito bem, é importante dinamizar os desportos de mar. Mas é importante fazer uma reflexão.

Quando a ADM diz que a «modalidade Surf e Bodyboard tem vindo a granjear uma forte adesão de clubes e atletas, tanto mais, pela Região oferecer bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas», assaltam-nos diversas dúvidas:

1- Sendo a ADM uma Instituição de Utilidade Pública, fundada em 12 de Julho de 1958, não é um tanto tardia esta «forte adesão» e despertar para a evidência da «Região oferecer bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas»?

2- Onde tem estado a ADM estes últimos anos em que se têm comprometido vários «bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas» que, por sua vez, comprometem a prática do Surf e do Bodyboard?

3- É verdade que as «praias do Jardim do Mar e Paul do Mar já são conhecidas internacionalmente pelos surfistas». Ultimamente pelas piores razões: danificação e/ou destruição de «bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas.»

4- A da Fajã da Areia, em São Vicente, não «começa a figurar no mesmo mapa», porque já figura há imenso tempo. Se continuar a desatenção inacção quanto à preservação destes «bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas», os surf spots de São Vicente podem correr o perigo de danificação ou extinção. Recorde-se que já em 2002 a coligação Save the Waves, Quercus e Cosmos dava as ondas dos «bons espaços de mar» da Fajã da Areia e da Ponta Delgada (São Vicente) em perigo de danificação ou extinção.

5- A ADM afirma que o «presidente e vereação da Câmara Municipal de São Vicente vão apostar no incremento e desenvolvimento deste desporto radical no seu concelho, equacionando um projecto com instalações de apoio e condições para receber surfistas regionais, nacionais e internacionais.» Não se sabe se isto é bom ou mau. Já antes se apostou no Surf na Madeira quando interessava aparecer nas fotografias e difundir o nome das localidades pelo mundo, mas quando foi preciso destruir os tais «bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas», com obras na costa, os mesmos surfistas passaram a ser «comunistas» e turismo de «pata-rapada». O melhor apoio e promoção que se podem dar ao Surf e ao Bodyboard é tão só não continuar a destruir o que a natureza deu de graça à Madeira: uma costa com os referidos «bons espaços de mar para o treino e prática dos surfistas». E «bons» é dizer pouco, como no caso das condições excepcionais, agora comprometidas, da onda da Ponta Jardim, no Jardim do Mar. Este surf spot chegou a ser apelidado de Hawai europeu.

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