Quem é que ataca quem?
Embora exponha factos e faça críticas, o documentário da Save the Waves, a Jóia perdida do Atlântico, pelo que é dado a perceber, não é um acto político. E muito menos um ataque político ao Governo. E jamais um ataque à Madeira e aos madeirenses. A causa é desportivo-ambiental. Que vale por si. O único "ataque" que existe por parte da Save the Waves é um "ataque" (crítica) a algumas intervenções alegadamente radicais, no litoral madeirense.
Não se pode é confundir sentido crítico com "bota abaixo", "contra a Madeira e o seu Povo", "ataque político-partidário", "anti-autonomismo", entre outras coisas. Nem as questões devem ser fulanizadas. Todavia, na Madeira, há a tendência para politizar todo e qualquer acto cívico legítimo. Confundem-se, com fins políticos, os planos todos (governo, Madeira e madeirenses). Até a neutralidade, o distanciamento e a não tomada de partido é politizada: quem não toma partido (a favor ou contra) é assumido como contra. Como se não houvesse mais do que duas escolhas ou moderação: a favor em alguns aspectos e contra alguns outros, por exemplo. Criticar duas ou três obras não será igual a estar contra o Governo e todas as obras que ele executou.
A Jóia perdida do Atlântico parece ser um simples acto de intervenção cívica (e de defesa) relativamente à preservação do exotismo e da autenticidade natural da ilha, da qual depende muito o nosso Turismo. Diz-se que mostra factos, ouve os dois lados e deixa uma visão crítica sobre certas intervenções no litoral. Tudo natural em democracia e num Estado de Direito com liberdade de expressão. Se há matéria crime, há instâncias próprias para o sentenciar.
E o facto de a Save the Waves chamar o Governo Regional de «corrupto», num texto que anunciou a estreia do filme, em Maio último?
Primeiro, tal nem é nenhuma originalidade se recordarmos algumas denúncias no passado recente da Região e casos de alegada corrupção em tribunal, envolvendo membros do poder político regional, por exemplo o poder autárquico.
Segundo, os autores explicaram, desde então, que isso tinha um sentido lato, em que não consideravam o Governo Regional nem mais nem menos corrupto do que o governo americano, por exemplo.
Terceiro, referiu-se que o corrupto tinha a ver com uma alegada cedência do Governo Regional a interesses, nomeadamente ao sector da construção civil. Entretanto, a palavra «corrupto» foi usada apenas nesse texto original de Maio. Não se sabe se é utilizada no filme. E pode ter sido utilizada nesse artigo no lançamento do filme, precisamente, como forma de gerar controvérsia e publicidade extra, como se veio a verificar. Se foi uma estratégia deliberada de marketing ela resultou.
Se o filme retrata o que é dito retratar, usar adjectivos como «corrupto» é desnecessário e redundante, porque os factos e as obras (ou aspectos negativos de algumas obras) falam por si e estão à vista de todos. No nosso ponto de vista, o adjectivo é supérfluo. No lugar da Save the Waves, não o teríamos utilizado no artigo anunciando o filme. Para evitar vitimizações e o alegar de politização de questões desportivas e ambientais. Mas, se calhar, o risco foi calculado face ao retorno em publicidade...
Como o filme será estreado na Madeira, brevemente (15, 16 e 17 de Setembro no Cinemax), não há como ver para então cada qual poder retirar as suas próprias ilações.
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