«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sexta-feira, setembro 01, 2006

2. Presidente do Governo não combate estreia do "Lost Jewel" na Madeira, pelo menos para já

Um dos méritos do presidente do Governo Regional, que apanha por vezes alguns desprevenidos, é este: quando os factos o demonstram tem a clarividência e coragem para alterar a sua posição inicial, se necessário e justificado, sobre um dado assunto. A serenidade com que reagiu à estreia do filme será já uma prova disso mesmo? Se as circunstâncias se alteram, as posições também podem alterar-se. As primeiras declarações sobre a estreia do documentário Jóia perdida do Atlântico indiciam isso. Ou aparentemente indiciam isso. Mesmo que não se dê o braço a torcer, ao menos deixe-se os outros exprimir livre e democraticamente o seu ponto de vista e os seus argumentos.

Embora o presidente do Governo insista que o paredão/promenade do Jardim do Mar não afectou as ondas (aqui o presidente do Governo estará mal informado e aconselhado) talvez se comece a prestar mais atenção aos recursos que, afinal, a Madeira poderá ter e tem. As ondas podem constituir um pequeno filão de ouro já que podem ser exploradas economicamente. Podem constituir um cartaz de promoção da imagem exótica e autêntica da Madeira. Os desportos náuticos como o surf ou o bodyboard poderão ser um nicho de mercado interessante, pelo menos localmente, para algumas localidades da ilha, como São Vicente ou o Jardim do Mar. Não atrapalha os outros turismos - senior, de luxo, de golf -, promove o turismo de natureza ou ecológico e, sobretudo em tempo de crise, o dinheiro que os surfistas deixam tem o seu peso.

Além do mais, embora o presidente do Governo deixe uma suspeição («se repararem gasta-se muito dinheiro que, à primeira vista, a pequenez e riqueza do território não o justificava. Portanto, agora as pessoas que pensem porque é») já deve ter percebido que não existe nenhuma motivação ou estratégia político-partidária, maçónica ou comunista contra o Governo Regional ou a Madeira por detrás da causa desportivo-ambiental do filme da Save the Waves. Não há nada encoberto.

A causa ambiental vale por si mesma. Não precisa ser politizada. Não é a Save the Waves que tem politizado a questão, se analisarmos os factos. Agora, se há partidos ou quem utilize a causa ambiental do filme, para justificar ataques políticos contra a Save the Waves ou então como arma de arremesso contra o Governo Regional, é algo que ultrapassa a própria associação americana. Esta tem procurado evitar a politização. Mas, a Madeira parece ser um lugar demasiado politizado...

JORNAL DA MADEIRA
"Já sobre o documentário Save de Waves, cuja exibição se prevê na Madeira durante o mês de Setembro e que consiste num trabalho crítico à muralha que se fez na freguesia do Jardim do Mar e que, alegadamente, veio estragar o surf que ali se praticava, o presidente do Governo Regional está calmo e sereno.

«Quem for ao Jardim do Mar, vê que lá está um trabalho bem feito e que continua a haver ondas de surf», sublinhou Alberto João Jardim, para logo adiantar que começa a pensar «que a Madeira tem mais recursos do que a gente sabe. Esses recursos estão a uma grande profundidade e, neste momento, não é rentável explorá-los». «Se repararem», prosseguiu o seu raciocínio, «gasta-se muito dinheiro que, à primeira vista, a pequenez e riqueza do território não o justificava. Portanto, agora as pessoas que pensem porque é»."

DIÁRIO DE NOTÍCIAS
"No areal da Ilha Dourada, o líder do Governo Regional pronunciou-se ainda sobre o documentário da organização internacional Save The Waves, que conforme avançou o DIÁRIO vai estrear-se na Região, no próximo mês.
«Começo a pensar que a Madeira tem recursos do que a gente não sabe. Ou melhor, sabemos, só que estão a grande profundidade e, por enquanto, não é rentável explora-los», afirmou Jardim, estranhando o facto de gastar-se «tanto dinheiro na Madeira», sendo que, à primeira vista, «a pequenez e a pobreza do território não o justifica».

Sem querer tecer mais comentários sobre este assunto, o presidente do Governo desafiou as pessoas a se deslocarem ao Jardim do Mar para constatarem "in loco" que a obra está bem feita e não derrubou as ondas. «Têm dinheiro para alugar uma sala, bom proveito», concluiu."
(30.08.2006)

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