«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, outubro 08, 2006

Professores de luto e em luta 5: Várias dezenas (mais de 1 ou 2 centenas?) esperaram Sócrates


A proposta, não tenhamos dúvidas em classificar de fundamentalista em muitos dos seus aspectos, de "estatuto de carreira" docente do Ministério da Educação está já a custar protestos dirigidos ao Primeiro Ministro José Sócrates.

Depois da vigília de duas ou três centenas de professores do passado dia 4 no Funchal, da manifestação de 25 mil docentes em Lisboa, no dia 5, e da espera em Guimarães no dia 6, várias centenas de profissionais da educação da Madeira juntaram-se em protesto face à presença de José Sócrates, no Funchal.

Recorde-se que estão já agendados dois dias de greve nacional para 17 e 18 de Outubro. A luta está a intensificar-se à medida que os docentes se apercebem das consequências laborais e educativas que o novo "estatuto de carreira" despoletará, caso seja aprovado no texto que propõe o Ministério da Educação.



4 comentários:

  1. Eu diria dezenas e nunca centenas mas parece ser habito inflacionar os nº em c/ de 30-40% !

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  2. Obrigado pela informação e correcção. O Olho de Fogo não presenciou e o número foi avançado por uma fonte presente no local. O calor do momento pode ter influenciado os números. A RDP também falava hoje de manhã em dezenas. E é a realidade que interessa salvaguardar.

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  3. Pode o Estado garantir que cada cidadão que ingressa na carreira militar chegará a general? Claro que não! Pode o Estado garantir a todos os funcionários públicos que chegaram a directores? Claro que não! Pode o Estado garantir que quem ingressa na carreita diplomática chega a embaixador? Claro que não.
    Contudo, existe uma classe de profissionais que querem que o Estado continue a garantir que todos chegaram ao topo da carreira ao topo da carreira.

    Além deste situação ser incomportável para o Estado, é injusta porque trata por igual os bons e os maus profissionais e é destimulante para os que realmente se esforçam.

    O que o governo propõe é, do meu ponto de vista, justo, responsável e necessário.

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  4. Obrigado pelo ponto de vista, que tem fundamentação lógica, mas há coisas que oculta. Não foi por acaso que o Primeiro Ministro utilizou o argumento.
    Contudo, a questão dos professores vai além desse aspecto de todos chegarem ao topo por igual, sejam mais ou menos competentes. Esse é um dos aspectos mais mediatizados, como também a avaliação pelos pais.
    Tem sim a ver com um afunilamento (estrangulamento) demasiado apertado à custa do impedimento da progressão da carreira até por motivo de doença ou maternidade, note-se. São direitos constitucionais que estão em causa. Nem a Margaret Thatcher nem George Bush se lembrariam de uma coisas destas.
    Se isso é justo... Se isso é forma de avaliar mérito e competência... Na ânsia de cortar salários caiu-se no radicalismo. Há formas mais justas de reconhecer mérito e separar os bons dos maus profissionais, sejam eles professores ou outros. Mas não se quer pagar. E ilude-se as pessoas com a melhoria do sistema de ensino e com a educação de excelência. O que se passa, verdadeiramente, é que a educação não é prioridade, apesar dos discursos. São poucas as sociedades que o assumem como prioridade efectiva.
    «É ilusão dizer que os professores se motivam pela progressão na carreira» (Jorge Pedreira, o secretário de estado adjunto da Educação na TV2, recentemente). Será realista e justo querer vender uma ideia destas? Os professores são missionários ou sacerdotes que se motivem pela vida do mundo que há-de vir?
    Além do mais, mas aí vamos para campos técnico-pedagógicos, uma escola é bem diferente de um quartel ou de uma empresa. A não ser quem queira fazer da escola uma empresa ou um quartel.
    Na verdade, não se vai premiar os melhores. Esses vão ganhar o que já ganham agora, coisa menos coisa. Apenas lhes servirá de consolo (bem à portuguesa) a desgraça alheia, que os outros 80% estão a ganhar pior.
    Além do mais, poucos sabem das consequências da intensificação (sobrecarga), desqualificação e desprofissionalização do trabalho docente, repleto de tarefas burocráticas e administrativas, sobre o sistema educativo. São coisas menos visíveis... e sempre se pode culpar os professores de tudo, essa raça de profissionais que se motiva também pela progressão na carreira e pelo salário. Uma anormalidade.

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