«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, outubro 08, 2006

Missivas dos leitores: perda de fundos pela Madeira

A propósito do post Madeira & República: questão de lógica:

Anonymous said...
A União Europeia não fez "cortes". Aplicou regras conhecidas há muito... O Governo de Sócrates está a alterar regras (criando novas, bem à medida de alguns) sem ouvir ninguém... Que o digam (também) ... os professores.

Comentário:
nelio de sousa said...
O facto de serem conhecidas há muito tempo as regras da União Europeia torna a perda de fundos ainda mais grave, já que não soubemos precaver essa perda, para a qual o Governo Regional foi alertado no passado.

Não esqueçamos que um «estudo elaborado por uma equipa liderada pelo ex-ministro da Economia, Augusto Mateus, entregue ao Governo Regional em 2004» já previa «consequências e riscos decorrentes da "adopção simplista e mecânica" de um indicador PIB com "imputações anómalas" resultantes de um pequeno grupo de empresas instaladas no Centro Internacional de Negócios, para cálculo das transferências de verbas para a Região.» (Diário de Notícias 5.10.2006).

Regras conhecidas há muito ou há pouco têm o mesmo efeito prático: perda de fundos para a Madeira, que preocupa qualquer madeirense, em especial quem não disfruta do tal PIB elevado. O facto das regras da União Europeia serem conhecidas acentua a não prevenção da perda, bem como não justifica o conformismo perante a perda. O que é essencial são OS DADOS E OS FACTOS QUE ESTÃO NA ORIGEM E SUSTENTAM ESSES CORTES DE FUNDOS. A que a Madeira não é alheia... Aos poucos os factos prevalecerão sobre as emoções.

Ao dizer-se isto não significa que se concorde, automaticamente, com os termos das alterações da Lei de Finanças Regionais. Nem significa, por outro lado, que se concorda, automaticamente, com a gestão e certas políticas regionais. Não é uma questão de tomar partido (cego) por este lado ou por aquele. A razão não estará toda de um só lado. No entanto, não se queira vender a ideia de que não existem responsabilidades por parte da Madeira.

Se as leis são injustas e inconstitucionais, atinjam este ou aquele sector, os cidadãos têm direito a protestar e existem órgãos de fiscalização, inclusive preventiva. Além de passar pela Assembleia da República e pelo Presidente da República, a Lei de Finanças Regionais pode ir parar ao Tribunal Constitucional. Há meios para fazer valer a razão que se pensa ter de facto, numa base racional e objectiva. Antes e depois de aprovadas as leis. Porque as leis podem ser alteradas.

1 comentário:

  1. Os Fundos europeus são transferidos por conta de apoios ao desenvolvimento.
    Não são verbas eternas.
    As contas (PIB) indicavam que a Madeira passava para outro "escalão" de apoios. Pura e simplesmente.
    Não é um caso de reagir e de se "perderem" fundos.
    Tão só se atingiram níveis de desenvolvimento, nomeadamente no que se refere a infraestruturas rodoviárias, que provocavam outro nível (inferior) de apoios.
    As transferências nacionais têm outros contornos. São a devolução de impostos cobrados na RAM. Devidos por lei.
    Não são transferências de fundos que pretendem tornar todos iguais. Se fosse assim, todos recebiamos de Lisboa e Vale do Tejo muito mais do que recebemos...
    Admito que possa haver uma parte que se destina a um esforço de solidariedade entre as Regiões. Mas tomar TODAS as transferências como dinheiros de Lisboa que, salazaramente, são distribuidos caridosamente para as regiões pobrezinhas, não é correcto.
    Assim, que se distingam as verbas devidas porque de direito, das verbas para desenvolvimento e das de coesão.
    E se encontrem indicadores correctos para avaliar as necessidades de coesão.
    Os socialistas madeienses estiveram anos e anos a dizer que o PIB não traduz essa necessidade. Agora, mantêm a defesa da utilização desse indicador. E dizem que é justo. Contradições que serão muito caras aos madeirenses...
    Finalmente as contas do deve e haver entre as verbas europeias (que não receberemos) e a existência da zona franca deverão ter sido feitas por impacto no PIB regional. Esperemos que bem feitas...

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