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Os resultados dos exames são um indicador insuficiente para avaliar as escolas e o total das capacidades de um estudante. O exame escrito é objectivo mas tem as suas limitações e insuficiências, já que privilegia, por exemplo, o conhecimento memorístico e avalia apenas o conhecimento que pode ser avaliado num teste escrito, deixando de fora outras competências do aluno. Sabemos que os contextos e o nível socio-económico e cultural da população estudantil determinam muita coisa. A seriação feita no ranking não pode valer só por si, nos dados estatísticos descontextualizados. Há uma série de factores passíveis de alterar a classificação se fossem introduzidos.
Todavia, esta classificação em bruto feita pela SIC é um instrumento de trabalho e um indicador mais lato - quanto mais específica a análise mais precária será a fiabilidade -, que coloca em evidência alguns aspectos macro: a assimetria entre o interior e o litoral, entre as zonas rurais e as urbanas, entre Portugal Continental e uma região insular como a Madeira. Quais são os factores sociais, económicos e culturais que determinam estas assimetrias?
Os Açores são também uma região insular e ultraperiférica, com a qual nos podemos comparar com mais equidade, digamos. As limitações metodológicas do ranking como instrumento de análise penalizarão, aproximadamente da mesma forma, as escolas dos Açores e da Madeira. O ranking dos exames do 12º ano de 2006, da SIC, apresenta seis escolas dos Açores (lugares 160º, 238º, 244º, 263º, 272º e 354º) antes de entrar a primeira escola da Madeira, a Jaime Moniz, esta em 358º lugar (entre um total de 513 estabelecimentos de ensino). A última escola secundária da Madeira surge no lugar 503º. A última escola dos Açores surge no lugar 502º. Para baixo do lugar 400, os Açores têm 6 escolas e a Madeira tem 14 escolas.
Valeria a pena aprofundar o assunto, enfrentar os problemas, as insuficiências, a realidade, que se devem a múltiplos factores, em lugar de andarmos a fingir que somos "superiores" e muito bons, enquanto a qualidade do desempenho escolar fica abaixo da média nacional. Não vale a pena empolar ou negar os factos, já que tais atitudes criam obstáculos à melhoria. Quando se pensa que está tudo óptimo, não são desencadeados mecanismos de melhoria. Quando não existe (não assumimos) um problema, não o precisamos de resolver.
Outros blogues têm falado do assunto:
-Onde está o desenvolvimento?
-Nem aos Açores
-Ranking das escolas
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