«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

segunda-feira, novembro 06, 2006

Derrocadas

Imagem: Diário de Notícias copyright - Out 2006

Versão curta
Fez-se um túnel para o Paul do Mar e uma “promenade” no Jardim do Mar, que terão custado juntos mais de 5 milhões de contos (25 milhões de euros).

Mas esqueceu-se de resolver, antes de tudo, o problema da frequente queda de pedras (derrocadas) que se soltam dos penhascos ao longo de 2km da estrada regional 101-8, que liga o Estreito da Calheta ao Jardim do Mar.

Insegurança para todos os residentes e turistas, incluindo a população do Paul do Mar, e os que acedem à Fajã da Ovelha e Ponta do Pargo por tal via.

Na inauguração da “promenade”, disse-se que o Jardim do Mar ficava «mais seguro», quando a grande insegurança não vinha do mar mas sobretudo dos penhascos sobranceiros à aldeia. A segurança não deveria tido sido prioridade do invstimento?

Não era na segurança da estrada que se deveria gastar primeiro os milhões atrás mencionados? Será que é mais um caso de encolher os ombros até haver tragédias? Existe carta de riscos? Existe um plano de emergência? Existe algum plano para, com uma série de pequenos túneis, evitar as zonas mais perigosas, como foi feito no Norte da ilha?

Ainda há pouco se anunciaram obras no valor de 4,5 milhões de euros para consolidar a escarpa junto à Marina do Lugar de Baixo..., prioritário face, por exemplo, a uma estrada onde passam, no mínimo, centenas de pessoas por dia.

Versão longa
No Jardim do Mar, onde há vários quilómetros de estrada (Estreito da Calheta-Jardim do Mar) sujeitas a queda de pedras frequentes, deu-se prioridade a outros aspectos antes de resolver o problema de segurança neste acesso.

«A obra que hoje inauguramos, a de construção da marginal e passeio marítimo do Jardim do Mar, é daquelas obras que ultrapassa em muito o valor — já por si de grande monta — financeiro da mesma. Porque garante um dos bens mais preciosos para a vida humana: a sua segurança. O Jardim do Mar já estava mais perto. Agora, fica mais seguro». (Manuel Baeta, presidente da Câmara da Calheta, Jornal da Madeira, 13 de Setembro de 2004).

Será que o Jardim do Mar, o Paul do Mar e todos aqueles que têm de aceder a estas freguesias ( e a outras como a Fajã da Ovelha) através da estrada estão realmente seguros?

Esqueceu-se que o maior perigo do Jardim do Mar (e Paul do Mar, Fajã da Ovelha, etc.), para todos os residentes e turistas, continua nas pedras (derrocadas) que se soltam dos penhascos ao longo da estrada regional 101-8, entre o Estreito da Calheta e o Jardim do Mar.

Continua-se a fazer investimentos turísticos nas duas freguesias sem cuidar da insegurança, arriscando a perda de vidas humanas e o repelir-se de visitantes, como o Porto Moniz está a sentir, em consequência da última derrocada que vitimou dois turistas, como dá hoje conta o Diário: «Derrocada mortal afastou turistas do Porto Moniz».

Primeiro, fez-se um túnel, cujo custo inicial foi de cerca de 15 milhões de euros, para criar novo acesso ao Paul do Mar.

Segundo, gastou-se cerca de 10 milhões de euros em 800 metros de "promenade" na frente mar do Jardim do Mar, quando os problemas de segurança, nem de perto nem de longe, se assemelhavam aos problemas de segurança que se colocam sobre a estrada de acesso ao Jardim do Mar e, por conseguinte, ao Paul do Mar.

Antes do investimento no túnel para o Paul do Mar deveria ter sido resolvida a questão da insegurança no acesso ao Jardim do Mar, já que passariam a circular muito mais pessoas na perigosa estrada.

Antes da promenade no Jardim do Mar, que ainda por cima retirou beleza natural, agrediu o ambiente e comprometeu as condições únicas da onda do surf, o investimento prioritário deveria ter sido a segurança na estrada sob o penhasco.

Assume-se as derrocadas como se as suas consequências, entre elas a perda de vidas humanas, fossem inevitáveis (um destino traçado), que é uma forma de descartar responsabilidades. Dizer que a Madeira está para as derrocadas, como o Japão está para os sismos não resolve nada e constitui um enterrar da cabeça na areia. Dizer que «não fazemos estradas a pensar na chuva» elucida a atitude.

O acesso ao Jardim do Mar é exemplo. Existe carta de riscos? Existe um plano de emergência? Existe algum plano para, como uma série de pequenos túneis, evitar as zonas mais perigosas, como foi feito no Norte da ilha? Gastaram-se os milhões na promenade, ainda por cima com a concordância (que remédio...) de muitos dos seus habitantes, enquanto passam todos os dias numa estrada com a cabeça a prémio, como se de uma roleta russa se tratasse.

Já foi feito um abaixo-assinado, em 1999, antes da construção do acesso ao Paul do Mar e à promenade no Jardim, devido a esta questão de insegurança, no acesso ao Jardim do Mar e Paul do Mar, a partir do Estreito da Calheta. Mas nenhum teve eco junto das autoridades.

Se interessa garantir «um dos bens mais preciosos para a vida humana: a sua segurança», porque se espera, primeiro, pelo sacrifício humano?

Ou será que são apenas os taludes sobranceiros a marinas – Lugar de Baixo ou Calheta – ou em outras zonas da ilha que merecem medidas de protecção contra as consequências das derrocadas?

1 comentário:

  1. Pegando no tema derrocadas, ainda esta semana a via-expresso São Jorge - Santana esteve encerrada durante uma semana devido a uma derroca. É inconpreensivel como demorou tanto a ser reaberto, e numa via-expresso...
    Parabéns pelo blog.

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