«Temo pela sua saúde»,
Jornal da Madeira, hoje, em resposta à
Carta aberta à delegação do PSD de visita à Madeira de Maximiano Martins, deputado da Assembleia da República, publicada ontem no
Diário de Notícias.
(Textos replicados nos comentários deste post.)
Carta aberta à delegação do PSD de visita à Madeira
ResponderEliminar(Maximiano Martins)
Estimados Colegas Deputados: Saúdo a vossa visita à Madeira. Permitam-me que vos proponha algumas sugestões. Se se tratasse de uma normal visita de turismo iria sugerir após a chegada ao aeroporto de bom nível, a utilização da via rápida para acesso ao Funchal e o conforto que permite uma estadia num dos hotéis de cinco estrelas. Talvez acreditem, nesse momento, que o PIB da Região seja 21% acima da média do PIB do país. Sugiro-vos, porém, um programa que não esqueça as vossas responsabilidades políticas. Se visitarem as Zonas Altas da cidade do Funchal verão que por detrás da fachada existe uma realidade de sofrimento e baixa qualidade de vida. Também não se esqueçam de pedir aos vossos assessores dados de desenvolvimento económico, social e humano da Região. Levem convosco informação estatística porque o "regime" não vos fornecerá - como sabem todo o regime absoluto convive mal com a verdade... com os factos. Entre outros indicadores, verificarão que * a Região da Madeira que surge em 2º lugar no ranking das 7 regiões portuguesas, quando se usa o indicador do PIB regional per capita, surge em 5º lugar, quando se usa o índice de poder de compra concelhio, e em 7º e último lugar quando se usam os indicadores de receita e despesa dos agregados domésticos * a Região da Madeira surge, no quadro dos indicadores de conforto das famílias, como a região menos desenvolvida do país * o nível de disparidade interna na região da Madeira é dos mais elevados do país Esta informação encontram no Estudo, de Setembro de 2004, elaborado, sob encomenda do Governo Regional, pelo Prof. Augusto Mateus - estudo que o Governo Regional manteve "na gaveta" para que prevalecesse a "verdade" de um desenvolvimento excepcional medido por um indicador fortemente empolado por um efeito "zona franca". Por esta razão as conclusões daquele estudo não foram fornecidas ao Governo da República (à altura um Governo PSD/PP) para efeitos das negociações comunitárias. Daqui resultou a saída da Região de "Objectivo 1" e a consequente perda de cerca de 50% das dotações que auferira no período anterior de programação (2000/2006). Uma perda de cerca de 500 milhões de euros! Nas vossas reuniões com o poder que governa a Região nos últimos trinta anos não deixem de pedir explicações para o facto de a Madeira ter os piores resultados em educação e os níveis mais elevados de analfabetismo do país. Questionem-no sobre o elevadíssimo número de beneficiários do Rendimento Social de Integração. Perguntem-lhes porque permanece, trinta anos depois, tanta exclusão social. Interroguem-no sobre os graus de liberdade da sociedade civil madeirense - e lembrem-lhe que um dos traços mais marcantes do totalitarismo é justamente o completo controlo de todas as formas de expressão da sociedade. Perguntem pelas promessas de uma região digital, de uma região exportadora de inteligência ou ainda as miragens de "a Hong-Kong do Atlântico", de uma Singapura ou tantas outras pérolas de demagogia... Ao saudarem o Presidente do Governo Regional e Presidente do PSD-Madeira não se esqueçam do epíteto que mereceu, em publicação internacional, de "cacique populista e campeão do insulto". Lembrem-se do que chamou aos jornalistas: "bastardos, para não dizer filhos da p...". Da forma como se referiu aos imigrantes na Ilha aos quais disse "não os quero aqui" - em contradição com o destino histórico migratório dos madeirenses. Lembrem-se dos cidadãos insultados e perseguidos nos seus empregos e nas suas vidas particulares. Recordem-lhe a forma como tratou governantes do país. Não recuem na pergunta sobre o que pensa do vosso líder nacional. Aproveitem para lhe perguntar o que pensa dos Deputados à Assembleia da República e o que pensa dessa "Casa da Democracia"... Se o estilo e a prática do vosso anfitrião merecem, no vosso douto entendimento, acolhimento na família social-democrata então saúdem-no respeitosamente. E ainda respeitosamente, se algum economista fizer parte da vossa delegação, façam um exercício (impossível) de lhe explicar o que significa rigor e responsabilidade em política económica. Perguntem-lhe o que pensa da consolidação orçamental, do controlo do défice. Expliquem-lhe o ónus do endividamento desregrado e peçam-lhe para confirmar se a dívida pública directa e indirecta da Região Autónoma da Madeira estará já entre 250 e 400 milhões de contos! Perguntem-lhe porque é que o turismo está hoje mais desqualificado na Madeira. E expliquem-lhe a importância económica do conhecimento, da formação... Questionem-no sobre o custo-benefício dos apoios gigantescos ao desporto profissional "estrangeirado" e sobre a racionalidade dos apoios públicos a um jornal sem expressão pública relevante como é o Jornal da Madeira. Expliquem-lhe que tais utilizações de dinheiros públicos são intoleráveis num Estado de Direito, num país civilizado... E se querem ver "deitar dinheiro ao mar" vão à Marina do Lugar de Baixo. E se além de esbanjamento querem ver um crime ambiental vão ao Jardim do Mar - se não puderem ir peçam para visionar o documentário da "Save the Waves" e talvez possam subscrever comigo um desafio à RTP-Madeira para passar, obrigatoriamente por dever de ética e de serviço público, aquele documentário. Saudações democráticas.
(Copyright Diário de Notícias da Madeira 02-11-2006)
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Carta aberta a um dos Martins, o Maximiano
(ALBERTO JOÃO JARDIM)
O mais desprezível, é que você seja um dos principais artífices de toda esta pouca-vergonha contra o Povo Madeirense. Contra a sua própria terra.
Por caridade cristã — e mais nada — temo pela sua saúde.
Compreendo-lhe as raivas e os complexos,
alimentados crescentemente nos tempos de uma juventude que, se calhar por causa do seu feitio, podia não lhe ter sido tão azeda.
Então começou a maleita.
Você tinha obrigação de conhecer os crimes que o comunismo espalhara e espalha por esse mundo fora. Mas viu em tal opção, a oportunidade de se vingar cegamente daquilo que detestava, mas para onde hoje corre célere e subservientemente, os braços da burguesia materialista e inculta.
O que já não foi bonito, foi de vira-casaca, é quando da queda do comunismo na Europa, você e outros, quais ratazanas em barco que se está a afundar, «estrategicamente» se virarem para o partido socialista.
Oportunismo burguês, retrato de que as raivas, os complexos, os ódios, lhe eram mais importantes, bem como os meios para alimentá-los, do que Valores, Ideologia, concepções firmes que nomeadamente não têm pessoas dominadas pelo azedo e pela vingança, como você.
Mas fica claro que, militantemente, você pactuou com a descolonização criminosa, com a destruição da economia nacional post-25 de Abril, com os saneamentos, perseguições e prisões arbitrárias, com o sequente estado de coisas neste País, cuja miséria não lhe dá qualquer moral para falar da Madeira, nem tentar destruir a nossa qualidade de vida.
Compreendo que as pressões a que a sua mente está sujeita — cientificamente dá problemas… — o conduzam à desonestidade intelectual de não comparar a Madeira de agora à de há trinta anos atrás, a Madeira Velha que tanto o traumatizou psiquicamente.
Mas porque a inteligência em si não parece abundante, lá cai outra vez na asneira. Ataca os que mudaram tudo isto, alia-se aos velhos senhores do passado.
A sua desonestidade intelectual leva-o a conceber a Madeira em função do que uns tipos ou uns grupos sem importância disseram — alguns pagos pela Madeira Velha — ou pelo que eventualmente eu tenha dito. E só não disse mais, porque Portugal não é ainda num Estado de Direito, há repressão e revanchismo sobre os Direitos, Liberdades e Garantias de quem se atrever a pensar diferente do regime e apontar contra os seus mercenários.
A sua desonestidade intelectual serve-se de números fabricados para fins políticos, facilmente desmontáveis nos pressupostos utilizados, e nada a ver com o que se faz na União Europeia.
Você até vai contra a própria liberdade e pluralismo da imprensa!
Olhe, sim, para a miséria que vai no Continente, a miséria do seu socialismo. E acautele-se. O Povo está a ficar farto de vocês. E você, depois do salto do comunismo para o «socialismo», não tem muito mais para onde fugir. A não ser que os seus senhorios da Madeira Velha o recebam numa «união nacional na clandestinidade», que junta desde capitalismo selvagem ao marxismo, na luta contra os que conseguiram fazer esta Madeira Nova.
Tenho pena de si.
Pelo que está traumatizado psiquicamente há tanto tempo, por não ter tomado parte nesta revolução que mudou a Madeira, antes, por maldade, ter tentado contrariá-la.
Pena, porque a dívida pública que ficou, você também vai pagá-la. Ou não queria que se fizesse, para você, um dia — que não sucederá — tentar fazer obra? Não seria capaz. Ou queria você beneficiar, mas não pagar?
O mais desprezível, é que você seja um dos principais artífices de toda esta pouca vergonha contra o Povo Madeirense. Contra a sua própria terra. Psiquicamente, a sua tentativa de vingança sobre a baralhada que a sua fraca cabeça articulou.
É demasiado baixo, para que alguém se suje consigo.
(Copyright Jornal da Madeira 03.11.2006)