Campanha de ódio

O Jornal da Madeira trouxe ontem em destaque uma fotografia dos três deputados do PS-M à Assembleia da República, acompanhado do título As "caras" do sim aos cortes à Madeira. Ao lado, mas dentro do mesmo assunto ou tópico, vem o deputado Coito Pita do PSD-M a dizer que «é tempo de endurecer o discurso.»

Na peça, o próprio JM dá conta que o ministro das Finanças discordou do PS-M quanto à utilização de um PIB não empolado pela Zona Franca da Madeira. É sabido que os três deputados não concordam com todos os critérios, medidas e cortes que fazem parte da LFRA. É abusivo extrapolar que dizem «sim aos cortes à Madeira». Custa a acreditar que o façam, pelo menos de ânimo leve, se são madeirenses... Por que não esperar pela clarificação das suas posições antes de fazer julgamentos (linchamentos) políticos e de pessoas? Tem-se a certeza que disseram sim e concordam com os cortes? Por que não se esperou pela declaração de voto, decorrente da aprovação da LFRA na generalidade, prometida pelos deputados do PS-M e anunciada na mesma notícia do JM? Por que não se esperou por possíveis propostas de alteração na especialidade, nos próximos dias? Será que têm ainda qualquer base negocial com o Executivo nacional? A ver vamos.

Isto independentemente de se concordar ou não com o sentido de voto dos três deputados. Não é isso que está em causa neste post. O que aqui se analisa é o modo como o JM trata o assunto. Porque a posição dos deputados não é imune a críticas. Na Análise da Semana do Diário de hoje, por exemplo, diz-se: «os socialistas madeirenses sempre poderiam ter optado por um solução mais airosa do que votarem um diploma claramente penalizador para o povo da Região que os elegeu», porque «assim fica no ar a impressão de que o projecto de poder pessoal e partidário falou mais alto do que os interesses de quem neles votou.»

Quanto ao JM, a guerra parece ser total e vale tudo na questão da LFRA... apontam-se os alvos, atira-se gasolina para a fogueira, hostiliza-se, alimenta-se campanhas de ódio e não se olha a meios, nem tão pouco ao mínimo de ética jornalística. Outro exemplo flagrante foi a notícia "Mal educado, mentiroso e doentio", numa reacção do presidente do Governo Regional ao ataque de José Sócrates na Assembleia da República, em 7 de Novembro, em que não se se cita as palavras do primeiro-ministro que motivaram a referida reacção...

Mas tudo se entende pelo facto do Jornal da Madeira ser um instrumento de propaganda do PSD-M e do Governo que esse partido suporta. Esperemos que esta fonte de despesismo público, falso jornalismo e propaganda «forte» e «dura», nas mãos do actual poder regional, tenha os dias contados, como promete a nova legislação nacional. Por aí também se ataca o défice, financeiro ou de outra natureza.