Sê sensato, imuniza-te Ou muito nos enganamos ou o desfecho, na forma da indemnização de 35.000 euros, do caso do deputado João Carlos Gouveia não deixou a parte acusatória muito confortável. O importante era a condenação do deputado.
A indemnização pesada, além da multa de 1.500 euros, estaria fora dos planos/expectativas, porque permite mediatizar de novo as declarações polémicas na origem do processo e, acima de tudo, dar tempo de antena e espaço para a vitimização do réu condenado. Como a condenação aconteceu graças ao levantamento da imunidade parlamentar decidida pelo PSD-M e o facto do ataque/ofensa pessoal ser praticada - a coberto da mesma imunidade negada ao parlamentar do PS - pelos mesmos que acusaram, fica um claro sentido de injustiça e a parte queixosa acaba por ser vista como implacável, impiedosa e com dois pesos e duas medidas.
Além disso, uma boa parte dos madeirenses subscreve parte das denúncias do deputado quanto aos indícios de corrupção e outros tiques de uma maioria absoluta de 30 anos, embora não subscreva a maneira como as denúncias foram feitas, fulanizando-as e na forma de acusações difíceis de provar.
Sem esquecer que, optando pela cadeia em vez da multa de 1.500 euros - o grupo parlamentar do PSD-M parece ter essa decisão de levantar ou não, mais uma vez, a imunidade do deputado em causa (se não levantar de novo a imunidade, desta vez por vontade expressa do próprio, volta a ideia da actuação por conveniência e de haver dois pesos e duas medidas) - João Carlos Gouveia ganha como que estatuto de "preso político" e fica para a história. As ondas de choque do escândalo propagar-se-ão por muito tempo. Em cinco ou seis meses de encarceramento, pode escrever um livro.
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