No seguimento da reflexão sobre os desenvolvimentos recentes do caso envolvendo o deputado João Carlos Gouveia, em Uns mais imunes do que outros, um leitor comentou que, «nestas circunstâncias, resta à oposição ou a qualquer cidadão o recurso à denúncia anónima. Será necessário voltar ao velho instrumento do combate político, o panfleto!»
A reacção natural é proteger-se. Na dúvida, ou o cidadão tende a ficar calado ou então utilizar a técnica do anonimato. Se nem um político, se nem um deputado escapa à condenação por difamação em resultado da luta política, o cidadão comum fica, no mínimo, apreensivo, quanto aos riscos que corre expondo-se, intervindo e criticando publicamente. Por a cautela e o acabrunhamento, no exercício (ou não exercício) dos direitos de cidadania, serem já tão acentuados e estimulados na Madeira, provavelmentre o caso do deputado João Carlos Gouveia nem terá grandes efeitos. Mas, apesar da gravidade das acusações proferidas, que o tribunal ajuízou e fundamentou a condenação - não está em causa os contornos específicos do caso -, acaba por servir de exemplo e estimula mais o silêncio, o medo, o conformismo, a submissão e a obediência. Ajuda a anestesiar.
Até os próprios deputados não podem deixar escapar palavras ou ter um deslize verbal, no calor da discussão política, com risco de lhes ser retirada a imunidade e ir parar a tribunal. Não se quer com isto dizer que se defende a acusação infundada, a difamação, a fulanização, o excesso e a contundência verbal como método. Mas, quem tem imunidade assegurada para si e tem na mão o poder de retirar a imunidade aos outros (adversários políticos) tem um enorme poder. Ainda por cima quando, pelo que se observa, há uns mais imunes (impunes) do que outros.
Há todo um clima (lodo) social, político e cultural que ajuda a compreender os acontecimentos : Madeira endémica espezinha tolerância e respeito.
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