«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Missivas dos leitores: o outro lado do recorde do Guinness 3

A propósito de O outro lado do recorde do Guinness 2 e O outro lado do recorde do Guinness 1
Sancho Gomes disse...

Tens razão Nélio, mas não te podes esquecer que este é o maior cartaz turístico da Madeira. Se vamos começar a contar tostões, pensa lá no que gastam as restantes Câmaras do País, bem como o próprio Governo da República em espectáculos medíocres. Não podemos ser megalómanos, mas não precisamos andar a contar umas pataquinhas para o que é verdadeiramente importante.Bom ano novo.
Quarta-feira, Janeiro 03, 2007 2:34:00 PM

Comentário:
Obrigado pelo ponto de vista complementar. O facto do espectáculo de fim de ano na Madeira ser o maior cartaz turístico da Região não o incompatibiliza, a meu ver, com mais moderação nos gastos, sobretudo em época de crise e da nossa actual fama de despesistas, justa nuns casos e injusta em muitos outros, junto da opinião pública nacional.
Um certo comedimento, na actual conjuntura, ficaria bem. Nem que fosse pela pedagogia e autoridade do exemplo. No passado, nem sempre se gastou verbas tão avultadas e a passagem de ano na Madeira nunca deixou de ser deslumbrante, não só pelo fogo de artifício em si, mas também pela adesão entusiasmada dos madeirenses e pela orografia do baía do Funchal, que favorece o espectáculo. É impensável não lhe dar seguimento, mesmo em tempo de crise, mas será possível uma certa contenção.
Todavia, as pessoas têm a ambição de fazer sempre mais e melhor. Cria-se uma "fogo-dependência" e espera-se que o "kick" da próximo espectáculo seja mais forte e ultrapasse o anterior... É uma bola de neve de expectativa.
Mesmo mais comedido, 5 minutos em lugar de 8 ou com menos alguns postos, toda a gente apreciaria o fogo de artifício (note-se que o certificado do Guinness releva a grandeza - fala em «the largest firework display» - e não se foca na qualidade já que teria de referir também «the best»), sem megalomanias e euforias de 1.2 milhões de euros. Os turistas e os navios de cruzeiro viriam na mesma. Onde é que os navios podem, no mundo, usufruir de semelhante espectáculo, como o fazem ao largo da baía do Funchal, como se estivessem num anfiteatro?
Além de tudo, dá impressão de ser uma festa muito para consumo interno e não apenas para os turistas. A felicidade e a auto-estima dos madeirenses não pode depender de um espectáculo de fogo-de-artifício de alguns minutos. Note-se, por fim, que as manifestações espontâneas, nas ruas da baixa do Funchal, só existem quando chega um barco novo à baía ou se atiram foguetes... É importante o divertimento, mas quando estão em causa outros valores já ninguém desce à rua ou a outro espaço público.
O melhor para 2007.

Sem comentários:

Enviar um comentário