
As ideologias exigem todas adesão, incondicional de preferência, para todo o sempre. Todas tentam a sobrevivência, a expansão, o arrebanhamento, a conquista, o domínio, de uma forma mais ou menos subtil, de uma forma mais ou menos violenta (intolerante). Com um fim: o poder.
Convencidos da posse da verdade (para nem falar nos desejos mesquinhos que dominam a natureza humana), os titulares da ideologia convencem-se da bondade, nobreza e elevação das suas acções e estratégias, ao ponto de os fins justificarem os meios. Julgam-se bafejados por uma qualquer divindade e nada os trava.
Como as realidades demonstram, quem não se deixa arrebanhar é para eliminar. Não há espaço para a neutralidade, para a independência, para a não adesão à ideologia, sobretudo a dominante. Quem não se declara a favor é contra. Ou é amigo ou é inimigo. Não é tolerado discordar da ideologia ou dos actos da ideologia.
Mais do que isso, é altamente intolerado não ter nenhuma ideologia pela razão de isso impedir declarar (catalogar) o outro como amigo ou inimigo. Não professar nenhuma ideologia, ter os seus princípios de vida, de convivência humana e pensar pela sua própria cabeça, é a maior afronta às ideologias. As ideologias, bem usadas ou mal usadas, são sempre prepotentes e intolerantes.

Por isso, como documenta o filme Khamosh Pani (exibido no Centro das Artes da Calheta) é preciso arrebanhar a juventude, em idade impressionável e voluntarista, para a ideologia. O baptismo tem de ser feito em tenra idade. Daí as mocidades e juventudes para isto e aquilo, disto e daquilo. É preciso acicatar, programar, dominar. É preciso pontas de lança, cães de guarda, futuros cabecilhas da ideologia.

Sem comentários:
Enviar um comentário