«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, maio 31, 2007

Greve geral 30 de Maio

O balanço é simples. O sinal foi dado, embora sem a intensidade desejada pela CGTP, independentemente dos números exagerados, para cima ou para baixo.

Os números do Governo, pouco mais de 10% de adesão, anunciados como exactos, são irreais e imitaram o mesmo exagero que tanto criticam nos sindicatos. Tentaram vender a sua versão da realidade.

O sinal foi dado, apesar de todos os defeitos que se apontam aos sindicatos.

A tentativa de coacção e de intimidação pela via de possíveis listas nominais de grevistas ficou pelo caminho. Até o Presidente da República alertou para o direito constitucional à greve. A questão paradoxal dos serviços mínimos alargados seguirão a via judicial e logo se vê.

Dito isto, é claro que é preciso que os sindicatos consigam outras formas de mobilização, contestação e reivindicação (ver opinião no Terrear), de forma a salvaguardar a posição dos trabalhadores. Não deveriam ser as políticas do Governo a forçarem a mudança de estratégia dos sindicatos. Estes têm de ser capazes de jogar na antecipação e na subversão de velhos métodos.

Já sabíamos que o neoliberalismo, o barateamento do custo do trabalho e a precarização laboral estavam aí para chegar, fosse pela mão do PS ou do PSD. O slogan da greve "Pela mudança de políticas" também se aplica os sindicatos... Novos tempos exigem novas respostas, sem nunca vender os trabalhadores. Há muito pensamento sobre o assunto. Será preciso correr alguns riscos.

Já se percebeu ainda que os trabalhadores estão endividados e muitos já não dispensam perder o vencimento do dia de greve, o que é triste. Há várias formas de abrir mão da liberdade... Por isso, há aqueles que furam a greve à posteriori: metem falta ou atestado médico, um modo de manipular os números da greve. Aos sindicatos interessa números reais e incontestáveis.

Quanto à UGT, liderada por alguém que é visto nas primeiras filas na sede do Partido Socialista, em momentos importantes, tem a credibilidade que tem. Como se pode aplaudir o secretário-geral do PS de manhã e à tarde reinvidicar questões laborais perante o mesmo secretário-geral socialista, agora na qualidade de primeiro-ministro? Será que se ganha margem negocial? Parece roçar a esquizofrenia as ligações entre sindicatos e partidos no poder governativo.

4 comentários:

  1. A acividade partidária e o sincicalismo são de facto incompativeis.
    Os sincicalistas na área dos partidos de poder ficam sem margem de manobra quando o governo do seu partido toma alguma medida mais dura ou contrária aos interesses dos trabalhadores.
    Para os outros cãem frequentemente na situação (como julgo ter sido o caso desta greve geral) de colocar os sindicatos a fazer a politica que os partidos não conseguem ou não sabem fazer.

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  2. Obrigado pelo comentário. A instrumentalização dos sindicatos (chamam-lhe sensibilidades ou tendências) pelos partidos políticos é uma realidade, que faz parte do jogo, mas cria contradições e dependências. Estas são mais notórias em sindicatos conotados com partidos de poder/governação. O sindicalismo é mais um campo onde se joga a influência partidária na sociedade. Será fatal ser assim?
    Saudações.

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  3. O que diz sobre a ligação entre a UGT e o PS é aplicável à ligação da CGTP ao PCP.
    E na Madeira o SDPM e o PSD.

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  4. Obrigado pelas palavras.

    É verdade. A diferença é o PCP não ser partido de poder (governativo). Se o PCP viesse a ser governo a CGTP cairia nos mesmos paradoxos da UGT.

    Saudações

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