De que serve andarmos nas primeiras divisões do futebol ou de outra modalidade e permanecermos nas últimas divisões do sucesso escolar e do desenvolvimento cultural?
Apesar dos insucessos e elevados custos para o erário público, há quem continue a defender a política de subsídios vigente para o desporto, em geral, e para o futebol, em particular. Isto é, continuar a actual política desportiva na Madeira.
Em tempo de crise (embora de PIB farto somos uma Região pobre com carências e dificuldades), as receitas da Madeira diminuem, seja do Estado ou da União Europeia, mas parece que se quer manter as verbas anteriormente protocoladas com os clubes. É difícil de alterar vícios...
Ou será que a mudança de projecto ou ciclo de desenvolvimento da Madeira implica manter tudo na mesma? Esse suposto novo rumo de desenvolvimento depende em alguma coisa do desporto e futebol profissionais? Não seria melhor pensar mais na Qualificação, Educação e Cultura dos madeirenses, para sermos capazes de vencer os desafios que aí estão?
Os subsídios ao desporto foram ainda justificados, ao longo de décadas, para tirar os jovens da tasca e da droga. O que assistimos é a um boom das tascas, nomeadamente as da poncha, e da toxicodependência na Região. É outro insucesso da política de desporto federado.
O desporto profissional promove a Madeira e atrai turismo? Quem acredita nisso? Contribui para engrandecer a Autonomia? Alguém acredita nisso? Há formas melhores que prestigiar a Autonomia ou de cuidar do orgulho madeirense na sua terra.
Outro argumento tem a ver com a promoção de uma cultura de saúde. Por acaso se trata da saúde e bem-estar físico-mental da população com o desporto profissional? Onde está a política efectiva de desporto (manutenção) para todos, sejam novos ou menos novos? Quando sabemos que há muito sedentarismo entre nós, causador de diversos problemas de saúde, que vêm depois a ser pagos nos hospitais e nas famílias, para além de retirar tempo e qualidade de vida aos madeirenses.
Pois, sabemos que a política desportiva na Madeira tem tido muito de estratégia política (popular ou populista). Contudo, os madeirenses não precisam de mais escapismos e anestesias numa ilha já de si onírica. Os tempos são de realismo puro e duro. E quanto mais tarde acordarmos para essa realidade, mais problemas teremos. De que serve adiar?
De que serve andarmos nas primeiras divisões do futebol ou de outra modalidade desportiva e permanecermos nas últimas divisões do sucesso escolar e do desenvolvimento cultural?
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