Não há incompatibilidade entre ser militante/deputado socialista e ser sindicalista negociador das condições laborais dos trabalhadores com o governo socialista? A lei das incompatibilidades deveria alargar-se.
«O socialista Ricardo Freitas não esconde que a reforma da Segurança Social, cuja proposta está a ser ultimada pelo ministro Vieira da Silva, implicará uma redução das pensões», escrevia o Diário em 14 de Setembro de 2006, ouvindo aquele político madeirense. «Mesmo quando veste a pele de sindicalista, o deputado da maioria, que também é coordenador da UGT na Madeira, por exemplo, aprova as medidas do Governo que estão na calha», dizia ainda o Diário.
No momento em que a OCDE vem dizer que as reformas dos portugueses vão sofrer um quebra de mais de 30% (quebra comparada à do México... confirma-se que nos tornamos um país da América Latina...) é bom lembrar as posições do referido sindicalista e então coordenador do PS na Comissão de Trabalho e Segurança Social da AR, no actual governo socialista, na referida notícia intitulada «Ricardo Freitas com Vieira da Silva na reforma da Segurança Social»:
"Trata-se de uma realidade [nota: lá vem a história da fatalidade e da inevitabilidade e do único caminho...]: para obter o mesmo tipo de ganho, naturalmente que, embora de forma voluntária, as pessoas vão ter de trabalhar mais".
Pelos vistos vamos trabalhar mais e receber menos na mesma. A não ser que as pessoas aceitem morrer no trabalho, como significa o desumano conceito de "envelhecimento activo" (ou o prolongamento da actividade laboral mesmo que seja a meio tempo), para além dos 65 anos. Talvez seja bom para quem se tenha habituado de tal forma ao cabresto, cerca, arreio, carroça, esporas e chicote, que não veja sentido na vida a não ser no posto de trabalho.
Citando Rubem Alves a propósito, há quem, na reforma, comece a «sentir saudades do arreio e da carroça, querem voltar, porque se cansam da liberdade. Toda a gente diz que quer liberdade. É mentira. A liberdade traz muita confusão à cabeça. Melhores são as rotinas que nos livram da maçada de ter que tomar decisões sobre o que fazer com a liberdade. Quem tem rotinas não precisa de tomar decisões. A vida já está decidida. O cavaleiro nem precisa de puxar a rédea: o cavalo sabe o caminho a seguir.»
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