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A violência verbal e física, o chamado bullying, parece ganhar terreno na escola, sem que se encare este grave problema com a seriedade que exige. Geralmente, é confundido com brincadeira ou ritual de crescimento ou maturação, nomeadamente para aprender a defender-se e a responder à letra aos respectivos agressores (fanfarrões).
A imprensa (Diário 2.11.2007) deu conta de uma «espécie de 'jogo' que está a acontecer em muitas escolas da Região», que «tem por objectivo dar um murro no estômago de um aluno.» Quem se dobrar ou queixar apanha mais.
Há pouco tempo, veio para as páginas dos jornais o caso de um aluno que deixou de ir à escola devido à violência a que era sujeito no estabelecimento de ensino.
No dia 3 de Novembro, no jornal já citado, distinguia-se, e muito bem, brincadeira de violência. O «'murro no estômago' [...] nada tem de jogo e esbarra a violência gratuita.» Diria que se trata de crueldade e de terror. Há ainda o «'corredor da morte', onde o jovem que passa entre os colegas é alvo do mais variado tipo de agressões, desde pontapés, bofetadas, socos e rasteiras.»
Bem tem razão o Procurador Geral da República em tratar nos tribunais os crimes de violência que acontecem na escola e lá tendem a ficar abafados e camuflados de brincadeira.
Este problema, a par de outros, estão a acentuar a crise da escola pública. Sem que se tomem medidas claras, tanto preventivas, como sancionatórias. Uma escola precisa de um ambiente de serenidade e de confiança para que as aprendizagens sejam produtivas e as pessoas se sintam bem. Não se pode permitir que um punhado de agressores atemorize e humilhe os mais pequenos ou os não violentos.
A violência é camuflada em alegada brincadeira, a indisciplina obstaculizante da aprendizagem (e violadora do direito dos outros à educação e ao ensino) é camuflada em alegada irreverência, hiperactividade ou sinal de vitalidade própria da idade, a ausência de empenho e trabalho na escola são camuflados em alegada falta de resposta da pedagogia ou do professor.
É preciso deixar de camuflar, desculpabilizar, relativizar e ignorar a realidade à boa maneira portuguesa dos brandos costumes. Chamemos as coisas pelos seus nomes e deixemo-nos de rodeios ou paninhos quentes (laxismo). Uma coisa é não se querer fazer nada, outra coisa é negar ou mitigar os problemas, como se assim se resolvessem por si.
Nas Áreas de Intervenção dos serviços de Psicologia e Orientação da Secretaria Regional de Educação há o apoio ao desenvolvimento do sistema de relações da comunidade educativa. É neste âmbito que é enquadrado o problema da indisciplina e da violência nas escolas da Madeira. Há que actuar, para prevenir e não apenas remediar.
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