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Numa altura em que a religião do privado ganha contornos de fundamentalismo, como se fosse A solução para tudo neste nosso futuro de capitalismo selvagem, que ninguém parece conseguir suster, é importante alguns exemplos, como o caso do maior banco privado (e de sucesso) português, o Millenium BCP, para relativizar a suposta perfeição da iniciativa privada.
O desfecho do caso Millenium BCP demonstra, afinal, que os privados nem sempre fazem tudo melhor. Também falham. Também erram. Também fazem mal. E quando erram, lá vem o Estado (o sector Público) a intervir e a salvar as situações.
É a prova de que a fúria anti-Estado e anti-serviços públicos deve abrandar. No meio (bom senso) está a virtude. O Estado tem de ter entidades reguladoras e fiscalizadores eficazes. Nem tudo nem todos se auto-regulam.
O Estado continua a merecer mais confiança. Nem que seja pelo facto dos cidadãos o "controlarem" através do seu voto. Os políticos são eleitos por nós, mas os gestores privados não o são. Eu não vou atrás dessa populista demonização dos políticos.
Um dos princípios da natureza humana é que o Homem precisa de ser fiscalizado. Livre, autónomo, mas com mecanismos sociais e democráticos de controlo, a fim de não prejudicar terceiros.
Vivemos de facto uma época em que o estado sofre uma grande erosão do seu campo de acção, deixando para os privados muitas áreas que até há pouco tempo eram da sua exclusiva competência...
ResponderEliminarO Estado em Portugal é desde sempre e historicamente um estado muito presente, mas ao mesmo tempo é um estado fraco pois é por norma muito ineficiente. O sector privado não é forte, nem é separado.
Ora o estado nesta fúria liberalizante, não se tem considerado a pouca dimensão do sector privado português...
Esta ingerência é só mais um dado que comprova a fraqueza deste sector privado...para além de demonstrar que o mercado não é a cura para todos os males. Pese possa haver já uma certa moral [o termo responsalbilidade social e a consciência de trabalho para a sociedade é já uma realidade em muitas empresas, em especial nas de maior dimensão - até pelos ganhos em publicidade que daí possam advir], o sistema empresarial capitalista é por norma desigual e não se compadece com estas premissas morais. E acreditar piamente nisso é um grande erro, especialemnte se estivermos em cargos de governação pública...