Ainda há pouco, no debate entre Governo e oposição, na Assembleia da República, o primeiro-ministro José Sócrates tomou como demagógicas as intervenções da oposição, da direita à esquerda, sobre o tema da avaliação dos professores.
Por seu lado, destacou que o seu Governo fala a verdade. Portanto, não há demagogia no discurso de quem governa. Isso é apenas para a oposição.
José Sócrates colocou a questão entre haver avaliação e não haver avaliação, para desviar do cerne do problema, que é o modo confuso, burocratizado e atabalhoado com que o Ministério da Educação quer implementar, em correria, todo esse processo avaliativo. Está em causa o método e a (i)legalidade com que se quer pôr no terreno essa avaliação, não a existência dela.
Além disso, é possível questionar determinadas estratégias dessa mesma avaliação dos professores. José Sócrates lá invocou as práticas de países desenvolvidos, para justificar a avaliação do docente através dos resultados escolares dos alunos e da taxa de abandono escolar.
Esqueceu-se, estrategicamente (não será demagógico?), de mencionar o impacto negativo de certo tipo de avaliação nesses países desenvolvidos, alguns dos quais debatem-se hoje com falta de professores, importando-os, devido à degradação e à precarização da docência.
O sr. Governo não tem a razão toda do seu lado. Não ficaria mal um pouco menos de arrogância e deixar de pensar que se é dono de toda a verdade. Uma maior ponderação ajudaria a cometer menos erros, confusões e trapalhadas, avanços e recuos.
Professores de luto e em luta 34: confirmação
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