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Querem-se superhomens e supermulheres para serem professores e resolver aquilo que, muitas vezes, outros deixam de fazer e cumprir, esquecendo-se que os docentes são humanos. Não são os milagreiros, missionários ou pau-para-toda-a-obra que muitos desejam.
Nos "altertas", na página três do Diário de hoje, algo sobre «os professores e o ensino»: «A perda de autoridade, o aumento da carga horária, as turmas superlotadas e o controlo opressivo dos dirigentes das escolas pelo sistema de ensino são alguns traços da vida docente, quando agora se prepara a regulamentação do Estatuto Regional da Carreira Docente, visto como um mal menor.»
É um indicador que a sociedade, aos poucos, perceberá que certos radicalismos, por mais populistas que sejam, no desmantelamento da carreira docente e da proletarização (desprofissionalização e funcionarização) dos professores, trarão consequências negativas ao ensino.
Neste momento, não há uma debandada de docentes da profissão por falta de alternativas de emprego. E acredite-se que não são os piores ou apenas aqueles que não estão comprometidos com a profissão a pensar fugir deste filme...
A inexistência de uma carreira atractiva, a carga burocrática, a pressão social que faz dos docentes bodes expiatórios das insuficiências e incapacidades de outras instâncias de socialização, a perda de autoridade e o enorme desgaste emocional a educar/ensinar crianças e jovens cada vez mais indisciplinados e com uma atitude desfavorável ao trabalho intelectual fazem da docência um calvário, em muitos momentos.
Profissão pouco atractiva?
ResponderEliminarSerá que vão sobrar vagas nos concursos? Será que vão abandonar o quadro para se dedicarem a outras actividades?
Não brinquem comigo... ser professor (funcionário público) continua a ser das profissões mais estáveis e tranquilas que existem.
Não é tão boa como já foi no passado, mas é necessário olhar para o que se passa na sociedade!
Que profissão garante emprego para a vida, progressão relativamente fácil na carreira, oportunidades de formação, não serem avaliados, etc?
O problema dos professores é estarem mal habituados...
Viva.
ResponderEliminarÉ um discurso que já bem se conhece, de tão popular e dissiminado que está.
Há mitos e lugares comuns que se foram criando e que se vão repetindo, para despejar ódio em cima de tudo o que represente alguma autoridade, seja professor, padre, político, polícia...
É pena que se viva num país e, sobretudo, numa região em que as alternativas para o emprego qualificado são restritas, para não dizer escassas ou inexistentes, em alguns casos. Se as houvesse, haveria aqui falta de professores como já existe em Inglaterra.
Estabilidade na carreira docente? Só se for para quem está no quadro, concordo (o Governo ainda não chegou aos despedimentos...), mas não se esqueçam os contratados, o trabalho docente precário.
Profissão tranquila... Só mesmo quem não sabe o que é a vida nas escolas nos dias que correm.
Só faltou dizer que os professores são todos uns privilegiados. É um privilégio para o funcionário público (profissão não liberal) que compra todo o material, desde material informático até livros ou uma simples caneta; que tem de ter um espaço em casa para trabalhar e arquivar montanhas de papel, com os gastos que implica, sem esquecer a mistura do trabalho com a vida familiar; um privilégio só poder tirar férias ou viajar em época alta no Verão, com tudo mais caro; é um privilégio o desgaste intelectual e emocional acentuado; um privilégio andar pela noite dentro e fins-de-semana a corrigir testes e coisas que tal; é um privilégio a instabilidade de ter um horário de trabalho diferente todos os anos; enfim, só mordomias, não haja dúvida.
Se é tudo tão maravilhoso, só não entendo porque não temos pessoas a querer deixar a sua profissão para serem professores.
Saudações.
Nélio Sousa
ResponderEliminarCom o que acabou de escrever neste comentario "fez" mais pela compreensão do que é a actividade docente (se isto chegasse a uma ampla camada da população) do que o que tem sido dito pelos sindicatos...esta insistência dos sindicatos acaba por desgastar a imagem dos professores...tenham eles ou não razão! Os professores não são previligiados mas em abono da verdade os professores na Madeira tem uma vida mais fácil, em geral, do que os do continente...