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Mesmo compreendendo as razões dos docentes, os exageros e erros do Ministério da Educação, boa parte do país real estará pouco solidário com a actual luta dos professores.
Não por causa que alguns mitos e invejas que se foram criando à volta da profissão, pretensamente bem paga (olha-se apenas para o escalão de topo e não para o início), com férias (alunos de férias é como se fosse igual a professores de papo pró ar) e pouco trabalho (trabalho é apenas o tempo passado nas aulas, com os alunos).
Quando há quem diz que é uma profissão tranquila, estável e privilegiada não quer dizer que menospreze os problemas nas escolas nos dias que correm, com graves problemas de indisciplina, violência e uma atitude negativa perante o trabalho intelectual por uma boa parte dos alunos. Há um desencanto generalizado que atinge os agentes de ensino, pela dificuldade de se sentirem realizados na profissão. Não é só o salário e a carreira que faz a felicidade (profissional) das pessoas.
O que as pessoas querem dizer é que, apesar de tudo, a profissão docente, paga pelos impostos de todos, ainda goza de alguma estabilidade e condições socio-laborais acima da média e daquilo a que, em geral, os portugueses têm acesso.
Não se pode esquecer, no entanto, que os docentes são quadros qualificados e uma profissão intelectual.
As pessoas sabem que o professor compra todo o material que usa, desde o informático até livros ou uma simples caneta (paga para trabalhar); que tem de ter um espaço em casa para trabalhar e arquivar montanhas de papel, com os gastos que implica, sem esquecer a mistura do trabalho com a vida familiar; do desgaste intelectual e emocional precoce e acentuado; que andam pela noite dentro e fins-de-semana a corrigir testes e coisas que tal; a instabilidade de ter um horário de trabalho diferente todos os anos; os professores contratados (precários) anos a fio sem saber se vão alguma vez ter estabilidade. Enfim, não são só mordomias, afinal.
Contudo, quando comparada com outras situações de precariedade laboral, que se generalizam na actualidade, a profissão docente ainda goza de estabilidade e vantagens. E é isso que conta para quem está numa situação pior, com menos garantias socio-laborais.
Parece-me que resumiu bem o quadro. Os professores não podem esperar solidariedade incondicional com a sua causa quando há pessoas que estão muito piores. Veja-se o exemplo das greves; quanto pior a situação económica menores são as adesões às greves devido às penalizações que dai advém...
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